Os investidores estrangeiros entraram com cerca de R$ 21 bilhões na oferta de ações da Petrobras, segundo cálculo feito a partir de informações obtidas pelo Valor. O número oficial sobre a divisão do bolo das ações da petroleira será conhecido até 25 de outubro, quando for divulgado o anúncio de encerramento da oferta.
A venda total de ações da estatal somou R$ 120 bilhões, e R$ 85 bilhões corresponderam ao que ficou conhecido como oferta prioritária, destinada aos acionistas já existentes, principalmente a União. A oferta efetivamente pública (livre) correspondeu a R$ 35 bilhões. Pelas estimativas obtidas pelo Valor, os estrangeiros ficaram com aproximadamente 60% das ações vendidas na oferta livre.
A demanda de estrangeiros e a consequente alocação dos papéis ficou em cerca de 70% das ações ordinárias vendidas na oferta livre, enquanto os brasileiros ficaram com aproximadamente 30%. No caso das ações preferenciais da oferta pública, a demanda e alocação dividiram-se praticamente meio a meio.
Em valores, os investidores internacionais ficaram com cerca de R$ 13 bilhões em ações ordinárias e R$ 8 bilhões em preferenciais, totalizando os R$ 21 bilhões, em cifras aproximadas. Como foram vendidos R$ 13 bilhões em recibos de depósitos de ações (ADRs) negociados em Nova York, estima-se que os estrangeiros tenham comprado R$ 8 bilhões no mercado local. Esse seria o valor, portanto, que os estrangeiros teriam que trazer ao país para fazer o pagamento dos papéis. A liquidação financeira da oferta ocorreu ontem. A porção vendida em ADRs é liquidada lá fora e cabe à Petrobras decidir o que fazer com esse caixa.
Era consenso ontem no mercado financeiro que o impacto da oferta da Petrobras no câmbio já ocorreu. O que havia para ingressar de dólares no país entrou até segunda-feira. Além disso, os R$ 8 bilhões são muito menos do que se estimou inicialmente que a venda de ações poderia trazer ao país. Apesar disso, o dólar continuou em trajetória de queda ontem. Cedeu 0,29% e fechou a R$ 1,705, a menor cotação desde 9 de novembro de 2009.
Em setembro, o saldo do fluxo cambial estava positivo em US$ 11,87 bilhões até o dia 24. Somente pela conta financeira, o ingresso líquido foi de US$ 14,456 bilhões, o maior da série iniciada em 1982, superando outubro de 2009, quando a oferta de ações do Santander trouxe fluxo líquido de US$ 13,10 bilhões. Dessa vez, além da capitalização da Petrobras, um volume expressivo de captações internacionais - privadas e da República - explicam o resultado.
Ontem os bancos centrais de Coreia do Sul, Índia, Malásia, Taiwan, Cingapura e Filipinas fizeram intervenções cambiais para evitar a valorização de suas moedas.
Fonte: valor Econômico
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