A Petrobras avaliará a possibilidade de ajustes de curto prazo no seu plano negócios, que inclui investimentos e desinvestimentos para um período de cinco anos, enquanto a crise gerada pelo coronavírus e uma guerra de preços de petróleo declarada por sauditas derrubam as cotações da commodity para mínimas desde 2016.
“Vamos avaliar a necessidade de ajustes no plano no curto prazo, mas no médio prazo achamos que a situação se normaliza”, disse uma fonte da companhia, na condição de anonimato.
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Para a pessoa, o cenário ainda é incerto, e a empresa trabalha até mesmo com uma possibilidade de recuperação nos preços do petróleo, ao final do ano.
A cotação da commodity já caiu mais de 50% neste ano, e o Brent fechou nesta terça-feira abaixo de 30 dólares o barril pela primeira vez desde janeiro de 2016.
“O Brent deve se manter em baixa enquanto durar a crise. A demanda caiu e a Arábia Saudita aumentou a oferta”, disse a fonte.
Contudo, a Petrobras entende que há uma possibilidade de retomada nos preços, se algo mudar na guerra de cotações entre Arábia Saudita e Rússia.
“Na nossa avaliação, o petróleo volta ao patamar de 50-60 dólares até o final do ano... (Com) Aumento da demanda e corte da produção... Rapidinho sobe”, disse.
Com relação ao plano de negócios, disse a fonte, “alguns marcos podem ser postergados”, enquanto o mundo atravessa a crise, “mas os trabalhos continuam, a vida segue”.
O plano da Petrobras prevê desinvestimentos entre 20 bilhões a 30 bilhões de dólares para o período 2020-2024, tendo a maior concentração nos anos de 2020 e 2021, quando a estatal planeja vender oito refinarias.
Com relação a investimentos, a Petrobras aprovou no final do ano passado 75,7 bilhões de dólares dentro do plano para o período de 2020 a 2024, com redução de 10% ante o programa anterior.
A maior parte dos aportes está prevista em Exploração e Produção.
Para este ano, considerando a média anual projetada no plano, só o segmento de Exploração da Petrobras poderia receber aportes de 2,3 bilhões de dólares, mas especialistas da Wood Mackenzie disseram à Reuters esperar uma redução diante da derrocada dos preços.
No país, considerando todas as empresas, deve haver um corte de 300 milhões a 600 milhões de dólares em investimentos previstos para exploração de petróleo em 2020, segundo a consultoria.
Antes do colapso dos preços, a Wood Mackenzie previa para este ano aportes de 3 bilhões de dólares no Brasil, incluindo gastos de outras petroleiras, como a anglo-holandesa Shell, da norueguesa Equinor, dentre outras.
Procurada, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente.
Fonte: Reuters