Plano apresnetado a Mantega girava em torno dos US$ 250 bilhões
A Petrobras avalia a possibilidade de definir um volume de investimentos menor do que o inicialmente projetado para o seu novo plano de negócios, do período de 2011 a 2015, informou nesta terça-feira o diretor financeiro da empresa, Almir Barbassa.
Segundo fontes da companhia, o plano apresentado na sexta-feira ao conselho de administração da estatal, presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, girava em torno dos 250 bilhões de dólares, ante os 224 bilhões de dólares do programa atual (2010 a 2014).
O plano não foi aprovado e voltou para as pranchetas das diversas áreas de negócios da companhia para ser revisado. Nesta terça-feira, o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, admitiu que o conselho pediu, entre outros estudos, alguns para reduzir o volume de investimentos inicialmente estipulado.
"O conselho me pediu para fazermos estudos de sensibilidade sobre o plano. Entre os estudos, há estudos que contemplam um capex menor", admitiu Barbassa em teleconferência com analistas na terça-feira para comentar o resultado recorde da companhia no primeiro trimestre do ano, lucro de R$ 10,9 bilhões.
Um crescimento menor nos investimentos, ou mesmo a estabilidade em relação ao plano anterior, reduziria também a necessidade de aumentar o preço da gasolina e do diesel, como a companhia vem pleiteando junto ao governo, já que a necessidade de caixa seria menor, informou uma fonte da empresa próxima ao assunto.
"Se o volume do plano for muito elevado vai ter que aumentar a gasolina e o diesel, porque aumentando o preço resolve tudo, mas o governo não quer", disse a fonte, que pediu anonimato.
Segundo ela, se o valor do plano for muito alto e não for feito ajuste nos derivados, a Petrobras teria que captar mais recursos via emissão de títulos, elevando sua alavancagem.
Uma eventual nova capitalização via emissão de ações, o que não comprometeria a alvancagem, já foi descartada pela empresa e novamente rejeitada por Barbassa nesta terça-feira.
"O que o governo quer é um plano do mesmo jeito que estava, para não ter que se endividar mais", explicou a fonte, ressaltando que o governo ainda discute com a empresa uma eventual redução na Cide - imposto que funciona como um colchão para os preços internos dos derivados - para permitir o aumento de preços sem impacto no varejo.
Olho na produção
Um valor menor para o plano 2011-2015 não vai ser problema para as ações da companhia se deixar claro que a produção estará crescente, avaliaram especialistas do setor.
Para o analista Nelson Matos, do BB Investimentos, a empresa terá que necessariamente atrasar alguns projetos para poder acomodar os novos já anunciados, principalmente a exploração dos 5 bilhões de barris da cessão onerosa.
Além disso, Matos prevê que haverá necessidade de se incluir no plano os projetos anunciados, como uma planta de Gás Natural Liquefeito (GNL) para escoar o gás do pré-sal da bacia de Santos, a nova planta de GNL em Salvador e projetos de etanol para expandir a produção, como quer o governo.
"E ainda vai colocar mais um ano para dentro, 2015, quando começam a entrar os projetos mais pesados para o pré-sal... com certeza o valor tinha que subir", disse Matos.
"A única preocupação é se a área de Exploração e Produção vai ter investimentos para crescer a produção, tem que casar o capex com a curva de produção", observou o analista.
O diretor do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne) e da consultoria Expetro, Jean Paul Prates, que já previa investimento menor no período , avaliou que a decisão foi técnica e viu o dedo da presidente Dilma Rousseff por trás do movimento do conselho em frear o aumento dos gastos.
Ele comparou o momento atual com o do lançamento do plano anterior, de 224 bilhões de dólares, no ano passado, que para ele foi um "sinal político".
"Foi bastante agressivo numa época em que todos estavam reduzindo investimentos", disse Prates, acrescentando que concorda com o movimento atual.
"Eu faria a mesma coisa. Já existem elementos demais para a Petrobras executar. Para quê colocar mais agora? Melhor administrar o que tem e deixar um novo salto para 2012, 2013."
Fonte: Reuters
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