A Petrobras desistiu de comprar a participação da italiana Eni na Galp. Ontem a companhia se negou a comentar as informações publicadas na imprensa portuguesa sobre as negociações, mas o Valor apurou que elas foram encerradas. A Petrobras não comenta o assunto e nem informa as razões, provavelmente para não afetar as ações da Galp no mercado. Aparentemente, o problema não foi o preço, mas questões relacionadas à governança da companhia portuguesa, que conta com grande diversidade de acionistas.
A Galp tem o controle compartilhado pela italiana Eni (33,34%); pela Parpública, que reúne participações do governo português em empresas que foram privatizadas, e tem 7% de fatia na petroleira; pela Caixa Geral de Depósitos, que tem 1%; e pela Amorim Energia, que possui outros 33,34%. Essa última empresa é controlada pelo bilionário Américo Amorim e tem em seu capital a holding chamada Esperanza, controlada pela empresária Isabel Santos e pela estatal angolana Sonangol, que indiretamente tem 9% da Galp.
A notícia, que não deve ser confirmada e tampouco negada pela Petrobras, deve trazer mais conforto para analistas do mercado financeiro que acompanham a estatal brasileira e não viam vantagens no negócio.
A negociação traria supostos benefícios para a entrada, via Portugal, de biodiesel brasileiro produzido a partir de óleo de palma no Pará. As duas empresas já assinaram acordo a respeito, à época endossado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas, apesar da meta de corte de 20% das emissões de CO2 nos países da União Europeia e da necessidade de misturar até 12% de biodiesel no combustível usado no continente até 2020, o mercado europeu continua protegido para os agricultores locais. Mesmo o combustível processado em Portugal poderá encontrar barreiras, uma vez que a origem do produto é de fora do continente.
O custo da operação, embora não tenha sido a razão para o entrave, também era alvo de críticas, já que a Petrobras está envolvida com a necessidade de investimentos colossais para o desenvolvimento das áreas do pré-sal do litoral brasileiro. Atualmente, está em vigor o Plano de Negócios que prevê aportes de US$ 224 bilhões, mas que ainda não considera investimentos necessários em diversas áreas do pré-sal, inclusive nas da cessão onerosa, que garantirão à Petrobras o direito de explorar 5 bilhões de barris de óleo equivalente.
Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner e Rafael Rosas | Do Rio
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