A quarta-feira foi negativa para os mercados de ações no Brasil e no exterior. Lá fora, ruídos políticos vindos da Europa e a agenda vazia de indicadores americanos pressionaram as bolsas. Por aqui, Petrobras e as “empresas X”, de Eike Batista, levaram a Bovespa a marcar o terceiro pregão seguido de baixa. Na contramão da tendência do mercado ficaram as ações da Vale, que subiram após a mineradora anunciar uma inesperada grande venda de ouro.
O Ibovespa recuou 0,83%, para 58.951 pontos, com giro de R$ 7,160 bilhões. Desde 10 de dezembro do ano passado, o índice não operava abaixo da casa dos 59 mil pontos. Em Wall Street, próximo ao fechamento, o Dow Jones recuava 0,05%, o Nasdaq perdia 0,23% e o S&P 500 caía 0,08%.
As notícias de que o ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi teria avançado nas pesquisas de intenção de voto para o comando do parlamento do país deixou os mercados de mau humor logo cedo na Europa. O clima ruim persistiu nos Estados Unidos, devido à agenda vazia de indicadores econômicos.
Por aqui, a decisão da Petrobras de reduzir o dividendo pago às ações ordinárias (ON) seguiu pesando sobre os papéis da estatal. A ação ON perdeu 1,26%, depois de desabar 8,3% ontem, enquanto a PN recuou 2,65%. O aumento do risco político acentuou a aversão por parte dos investidores estrangeiros, que carregam uma elevada posição vendida, de mais de 85 mil contratos de Ibovespa Futuro, cujo vencimento acontecerá na quarta-feira de Cinzas.
“Esse sinal negativo do governo favorece o jogo dos estrangeiros, que estão muito vendidos no índice”, observa o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi. O especialista prevê que o mercado brasileiro de ações ficará pressionado pelo menos até depois do Carnaval. “E para piorar, o pregão de quarta que vem será de apenas meio período, o que deve acentuar a volatilidade.”
Além da pressão vendedora estrangeira, uma “crise de confiança” abate as ações das empresas de Eike Batista há alguns pregões. Poços secos, projetos atrasados ou suspensos, enfim, uma combinação de notícias negativas sobre as empresas abertas do grupo nas últimas semanas colabora para a liquidação dos papéis.
Hoje, o novo ingrediente veio de uma nota da coluna Radar On-line, da revista “Veja”, afirmando que Otávio Lazcano está deixando a diretoria financeira da EBX e que Eike deve fazer mudanças no conselho da holding. Esse “entra-e-sai” nas companhias do empresário também tem incomodado os investidores. OGX ON caiu 1,59%, LLX ON recuou 2,35%, enquanto a fabricante de estaleiros OSX despencou 11,61%.
Vale PNA (1,04%) e Eletropaulo PN (1,29%) foram destaques de alta durante a maior parte do pregão. A mineradora reagiu à venda de parte do ouro produzido em algumas de suas minas de cobre e de níquel à canadense Silver Wheaton, em um negócio de US$ 2 bilhões.
Para o analista de siderurgia e mineração da Itaú Corretora, Marcos Assumpção, o negócio é positivo para a Vale, já que representa 2% do seu valor de mercado, não era esperado pelo mercado e vai melhorar o fluxo de caixa da empresa e reduzir a necessidade de alavancagem em 2013.
No caso de Eletropaulo, a alta foi inicialmente explicada por operações de “short squeeze”, ou seja, compra de ações no mercado para zerar posições vendidas.
Fonte: Valor / Téo Takar
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