Programa prevê uso do contrato com a estatal como instrumento para a redução do custo de capital de giro
Estatal avalia que isso poderá reduzir também o preço de bens e serviços contratados com os fornecedores
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Capitalizada e com R$ 120 bilhões em caixa para investir, a Petrobras busca agora reduzir os custos dos produtos e serviços que contrata.
Para alcançar esse objetivo, lançou um programa para facilitar o acesso e baratear empréstimos a fornecedores, pelo qual dará garantias aos financiamentos.
A estatal articulou com o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Bradesco, o Itaú, o HSBC e o Santander a concessão de empréstimos assegurados pelos pagamentos (chamados de "recebíveis" no mercado) a serem feitos pela Petrobras e previstos em contratos de fornecimento de bens e serviços ainda em curso.
De posse dos contratos e com a garantia de pagamento da capitalizada Petrobras, os fornecedores vão aos bancos e tomam o empréstimo com juros menores -já que o risco de inadimplência é mais baixo graças ao aval que pode ser dado pela estatal de petróleo.
O potencial do programa é emprestar até 50% do valor do contrato entre a Petrobras e o fornecedor -neste ano, a expectativa da empresa é investir R$ 88 bilhões. Seu objetivo é prover capital de giro para os 34 mil fornecedores diretos da estatal.
"Além da maior solidez financeira de seus fornecedores, a Petrobras terá o benefício de redução dos seus custos de aquisição", disse à Folha João Carlos Ferraz, gerente-geral de finanças da estatal.
Segundo o executivo, de forma adicional, o programa pode assegurar outros benefícios além do financeiro.
O custo reduzido de empréstimo e a maior estabilidade do fluxo de caixa proporcionados pelo financiamento mais barato ao capital de giro permitem a "melhora do nível de produtividade dos fornecedores".
Com isso, diz Ferraz, as empresas "poderão praticar preços mais competitivos em produtos e serviços" utilizados pela Petrobras.
QUEDA DE ATÉ 30%
Nem a Petrobras nem os bancos divulgam os custos previstos para os empréstimos -que dependem também do porte e do histórico de crédito do fornecedor.
Mas, internamente na estatal, a estimativa é que as taxas sofram redução de até 30% em relação às praticadas atualmente na modalidade de financiamento para capital de giro.
Para assegurar maior competição entre os bancos, a Petrobras informará as instituições parceiras sobre a consulta de fornecedores que tenham solicitado garantia da Petrobras.
Assim, todos os bancos poderão fazer sua oferta de crédito àquela empresa, numa espécie de leilão eletrônico. O mecanismo, prevê Ferraz, pode reduzir ainda mais as taxas de juros que estão embutidas nas operações.
Pelas regras do programa, a Petrobras garante empréstimos de fornecedores, independentemente do porte da empresa, no valor de até 50% do contrato.
Aberto a toda a cadeia de suprimento, diz Ferraz, o programa pode beneficiar principalmente as pequenas e médias empresas, que têm menos acesso a crédito e pagam taxas mais altas.
Fonte: Folha de S.Paulo/PEDRO SOARES DO RIO