Capitalização: "Três meses é uma eternidade nesse mercado", diz diretor financeiro.
A crise econômica que atinge alguns países da União Europeia e levou a um pacote de ajuda de US$ 955 bilhões para evitar o contágio para toda a zona do euro não vai atrapalhar o processo de capitalização da Petrobras. A afirmação é do diretor financeiro e de relações com investidores da estatal, Almir Barbassa, para quem a operação deverá ocorrer até julho.
"Estamos no início de maio e três meses é uma eternidade nesse mercado", disse, mostrando otimismo quanto à solução da crise antes da operação.
Para o executivo, a empresa tem condições de financiar os investimentos de R$ 88,5 bilhões esperados para este ano. Apesar disso, vai brigar pela capitalização. Barbassa lembrou que a companhia tem R$ 27 bilhões em caixa, além de recursos já financiados previstos para entrar na empresa.
"O que tenho em caixa permite [financiar o plano de investimentos], se assim fosse a decisão da companhia. Mas não queremos ultrapassar o limite de alavancagem estabelecido", disse o diretor, lembrando o patamar considerado ideal entre 25% e 35% para a relação entre endividamento líquido e patrimônio líquido. Esse indicador fechou março em 32%. "A Petrobras não tem a menor dificuldade para obter os recursos necessários, mas esse não é o melhor caminho."
O diretor espera que o Congresso aprove ainda este mês o projeto de lei que trata da cessão onerosa, fase da capitalização na qual a União transfere o direito de exploração de até 5 bilhões de barris de óleo do pré-sal à Petrobras. "Empresa de petróleo gosta de reserva de petróleo. Se a gente não puder fazer, é ruim para nós", destacou Barbassa, que voltou a negar a possibilidade de venda de ativos de forma a sustentar os investimentos previstos para o pré-sal.
A Petrobras obteve lucro líquido de R$ 7,73 bilhões no primeiro trimestre, o que representa um aumento de 23% na comparação com os R$ 6,29 bilhões de igual trimestre de 2009. A receita líquida de vendas cresceu 18%, atingindo R$ 50,41 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) avançou 12%, para R$ 15,08 bilhões.
A expectativa da empresa é adicionar neste ano 480 mil barris diários de óleo a sua capacidade de produção, dos quais 400 mil no Brasil e o restante no Golfo do México, onde instalará uma plataforma do tipo FPSO (flutuante, produtora, com armazenagem e transferência).
Segundo Barbassa, serão seis novos projetos que entrarão em operação no país: Uruguá Tambaú, Cachalote e Baleia Franca, o teste de longa duração de Guará, Mexilhão, o piloto de Tupi e o teste de longa duração de Tupi Nordeste. Nos Estados Unidos está prevista a entrada em operação da plataforma no campo de Cascade-Chinook, no terceiro trimestre de 2010.
Nos três primeiros meses do ano, a produção da companhia subiu 3%, para 2,547 milhões de barris de óleo equivalente por dia, contra 2,482 milhões de barris por dia no primeiro trimestre de 2009.
"Neste ano teremos aumento de capacidade de 480 mil barris, o que vai garantir aumento de produção da Petrobras. O declínio de ano para ano [nas comparação dos primeiros trimestres] foi de 170 mil, mas adicionamos mais de 200 mil", disse Barbassa, durante o anúncio do resultados financeiros do primeiro trimestre.
A balança comercial da empresa apresentou reversão de tendência e foi positiva em US$ 992 milhões no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado é decorrência do recorde nas exportações de óleo da companhia. A exportação líquida foi de 126 mil barris por dia no primeiro trimestre, contra 100 mil barris diários no período anterior.
As exportações de petróleo passaram de 451 mil barris por dia, em média, para 555 mil barris. A venda de derivados ao exterior apresentou elevação, de 215 mil barris diários para 192 mil barris.
Apesar de a balança ter tido saldo positivo, houve elevação também das importações, tanto de petróleo quanto de derivados. O total passou de 566 mil barris por dia para 621 mil barris, sendo que a maior ampliação foi de petróleo (de 426 mil barris diários para 347 mil barris). A importação de derivados passou de 140 mil barris para 274 mil. A explicação da alta da importação foi a necessidade de suprir a demanda interna por gasolina.
Fonte: Valor Econômico/Rafael Rosas e Juliana Ennes, do Rio
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