O presidente da Petrobras , Roberto Castello Branco , informou nesta quarta-feira que a companhia pretende vender sua participação de 36% no capital da Braskem , a maior petroquímica da América Latina, até o fim do próximo ano, em uma operação no mercado de capitais.
Ele criticou o plano da Odebrecht, sócia controladora da Braskem que está em recuperação judicial, de vender sua parte na petroquímica em 36 meses e indicou que a estatal não pretende se alinhar a esse plano, apresentado aos credores da empreiteira . Os dividendos e a venda do controle da petroquímica seria uma das fontes de recursos para o pgamento de parte das dívidas da Odebrecht, que somam R$ 98,5 bilhões.
PUBLICIDADE
O prazo de três anos, para Castello Branco, é muito longo. A Petrobras, que tem um plano ambicioso de venda de ativos para reduzir endividamento, quer vender sua parte até o fim de 2020, frisou.
Segundo Castello Branco, a Petrobras já iniciou negociações com a Odebrecht , o sócio controlador da petroquímica, no sentido de encerrar o atual acordo de acionistas pelo qual a Odebrecht exerce atualmente o controle da empresa, e unificar todas ações em apenas uma classe, de ordinárias, para transformar a companhia em uma corporação.
Em seguida, a Petrobras faria uma oferta de suas ações no mercado, num modelo parecido com o usado na privatização da BR Distribuidora.
Em encontro com jornalistas no Rio de Janeiro, o executivo afirmou que a medida vai beneficiar todos os acionistas com geração de valor.
- Nós já começamos a negociar com a Odebrecht (a unificação das ações). A Odebrecht informou que quer vender o ativo em 36 meses. Na nossa concepção,queremos que pelo menos a nossa parte seja vendida em 12 meses. Nós queremos fazer essa modificação acionária convertendo todas as ações em ordinárias e encerrar o acordo de acionistas com a Odebrecht, vendendo nossa parcela via mercado de capitais. A Braskem é uma empresa de capital aberto. Falar em vender em 36 meses é conversa de quem não quer vender - ressaltou Castello Branco.
O executivo afirmou que a intenção é a Petrobras se desfazer da fatia de 36% do capital que detém na Braskem, no máximo, em 12 meses, independente das negociações que a Odebrecht esteja fazendo em relação à venda de sua participação na petroquímica.
Viu isso? Juiz rejeita pagamento de fiança de US$ 5 milhões para libertar ex-presidente da Braskem
Outra medida importante para melhorar os resultados da Braskem, defendeu Castello Branco, é a solução do problema ambiental da mina de Salgema, em Alagoas:
- Com esses dois movimentos, acredito que a Braskem vai recuperar o valor (de mercado) que perdeu ao longo deste ano - ressaltou.
Gás da Bolívia
A Petrobras pretende deixar para empresas do setor privado a possibilidade de negociar a importação de entre 10 milhões e 18 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural por meio do Gasoduto Brasil-Bolívia.
A informação foi dada ontem por Castello Branco, que pela primeira vez indicou o espaço que a estatal abrirá a outras empresas na revisão do contrato com o país vizinho, interrompida desde a saída do poder do ex-presidente boliviano Evo Morales.
O presidente da Petrobras disse que, na renovação do contrato, a petroleira brasileira deverá ficar com um volume entre 12 milhões de metros cúbicos/dia a 20 milhões de metros cúbicos/dia.
Segundo o presidente da Petrobras, uma comitiva de representantes da YPFB, a estatal de petróleo da Bolívia, virá ao Rio na semana que vem conversar sobre a retomada das negociações de um novo contrato de importação de gás natural do país vizinho. O atual contrato, que prevê a importação de até 30 milhões de metros cúbicos por dia de gás exclusivamente pela Petrobras, vence em 31 de dezembro de 2019.
O executivo disse não estar preocupado caso o novo contrato não seja fechado ainda neste ano, uma vez que a Petrobras tem volumes excedentes de gás boliviano já pago, mas ainda não consumidos.
- O objetivo da Petrobras é assegurar os volumes de gás boliviano ao menor preço possível, e, ao mesmo tempo, abrir espaço para o setor privado. Temos o compromisso feito, inclusive com o Cade, de abrir o mercado de gás natural para a competição - ressaltou Castello Branco, referindo-se ao plano de abertura do sertor de gás firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), parte do esforço do governo para aumentar a concorrência e reduzir o preço do gás no país.
O presidente da Petrobras informou também que a companhia pretende sair das atividades de exploração e produção de petróleo e, principalmente, de gás natural na Bolívia. Segundo o executivo não interessa à Petrobras ser uma mera prestadora de serviços naquele país.
A Petrobras atua como prestadora de serviços nos campos de San Alberto, Sábalo, Itaú e na área de exploração San Telmo Norte, localizados no departamento de Tarija. No passado, a Petrobras detinha participação nesses campos onde era operadora, mas, desde que o então presidente da Bolívia Evo Morales nacionalizou as reservas de petróleo e gás, em 2006, a estatal brasileira passou a ser apenas uma prestadora de serviços.
- Nós tínhamos campos de gás, vendemos para YPFB, e recebemos pelo serviço de produção, porque somos prestadora de serviços - explicou Castello Branco.
Fonte: O Globo