Rio (AE) - A Petrobras aproveitou as negociações para a cessão onerosa para reaver áreas do pré-sal que já teve sob sua concessão, mas acabou devolvendo para o governo por razões diversas. Segundo levantamento feito pela consultoria especializada Stratageo, a pedido do Grupo Estado, todos os sete campos incluídos na cessão onerosa já estiveram, total ou parcialmente, sob concessão da estatal. Agora, a companhia pagará R$ 74 bilhões para ter as áreas de volta.
O caso mais emblemático é Franco, principal reservatório da cessão onerosa, com reservas estimadas em 3,1 bilhões de barris. Boa parte de sua área está localizada em dois antigos blocos exploratórios herdados pela Petrobras ao fim do monopólio, BS-4 e BS-500, onde a estatal realizou descobertas no pós-sal, mas devolveu à Agência Nacional do Petróleo (ANP) a região com potencial no pré-sal.
No BS-4, que teve um contrato de parceria assinado com a Shell, há as descobertas de Atlanta e Oliva, ainda sem definição sobre futura produção. No BS-500, a Petrobras fez importantes descobertas de gás, como Tambaú e Uruguá, prestes a entrar em operação. O poço Franco, perfurado pela ANP, está na área que pertencia ao BS-4.
Segundo um experiente geólogo, que já integrou o corpo técnico da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a devolução foi fruto de dificuldades tecnológicas, na época, de identificar reservatórios petrolíferos abaixo da camada de sal. “Apenas a partir de 2000, os estudos sísmicos começaram a traduzir em imagens o que existia no pré-sal”, explicou.
Ele ressalta, porém, que já havia entre os geólogos brasileiros expectativas da existência de óleo abaixo da camada de sal, a partir de pesquisas sobre o DNA de alguns tipos de petróleo descoberto no pós-sal. “Mas não havia recursos técnicos para identificar locais exatos para a perfuração de poços”, completou Parte da área de Florim, também incluída na cessão onerosa, também fazia parte do BS-500.
Em outros casos, como as áreas denominadas pelo governo como Iara Entorno, Tupi Sul, Tupi Nordeste e Guará Leste, a estatal já tinha conhecimento do pré-sal, mas teve de devolver parte das concessões devido ao fim dos prazos exploratórios.
Fonte: tribuna do Norte (RN) Natal
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