Os imensos investimentos que o pré-sal vai exigir da Petrobras no Brasil estão levando a companhia a desmobilizar seu portfólio internacional. Os ativos de refino no exterior, incluindo a usina de Pasadena, no Texas, estão entre os que podem ser colocados à venda. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, explicou ao Valor que o objetivo da companhia com o que ele chama de "ajuste de portfólio" não é fazer caixa, já que a venda desses ativos, dado o volume de investimento necessário, não geraria recursos suficientes. O objetivo é otimizar o portfólio frente às oportunidades no Brasil. "Falo aqui de gente, capital e habilidades", disse o executivo.
Gabrielli afirma que a refinaria de Pasadena, 100% da Petrobras, é uma possível candidata à venda. A empresa já negocia a refinaria San Lorenzo, na Argentina, e uma rede de 326 postos. No ano passado, vendeu uma planta de fertilizantes para a Bunge.
"Não posso dizer que vou vender", disse Gabrielli, "mas estamos concentrando o nosso investimento internacional em exploração e produção. Todos ativos de refino no exterior são potenciais candidatos à venda - mas candidatos. Não há nada encaminhado neste momento".
A Petrobras adquiriu 50% da Pasadena Refining System em 2005, tornando-se sócia do grupo belga Astra. Desentendimentos levaram os sócios aos tribunais e a estatal foi obrigada a comprar os outros 50% neste ano, por US$ 639 milhões.
Gabrielli diz que o foco da Petrobras no exterior passa a ser a exploração e produção, mas nega que isso implique recuo na internacionalização. Dos US$ 11,5 bilhões programados para investimentos nessa área até 2014, US$ 4 bilhões serão no exterior. O volume é pequeno considerando-se os US$ 224 bilhões previstos para todas as áreas no período.
Gabrielli explica ainda que na área exploratória as atenções no exterior estarão voltadas para águas profundas, principalmente na Costa Oeste da África, Golfo do México, Colômbia e em novas regiões no sul de Portugal e no Mar Negro.
Na América Latina, ele diz que a Petrobras opera na distribuição principalmente em países onde além de "boas relações de vizinhança" (Uruguai, Paraguai e Argentina), tem grandes compradores de produtos (Chile). "A [chilena] Enap é uma grande compradora e, portanto, ter distribuição no Chile é relevante", explica o executivo.
Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner | Do Rio
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