O Rio de Janeiro deve receber R$ 50 bilhões em investimentos nos próximos três anos e gerar 63 mil empregos no setor de petróleo e gás, segundo a Federação das Indústrias do Estado (Firjan).
As estimativas se referem às atividades de exploração, produção e abastecimento, com base em dados levantados para a edição de 2021 do anuário da federação.
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A expectativa é que, desse modo, o Rio continue a concentrar a atração de investimentos para cadeia de petróleo e gás no país, em um momento em que o Brasil se prepara para entrar na lista dos cinco maiores exportadores do mundo, o que deve ocorrer até o fim da atual década.
As duas maiores bacias do país, Campos e Santos, estão na costa fluminense e têm perspectivas de aumento de investimentos nos próximos anos, com o desenvolvimento das reservas do pré-sal.
A gerente de petróleo, gás e indústria naval da Firjan, Karine Fragoso, destaca que a atração de novos investidores a partir da venda de ativos da Petrobras também começa a gerar efeitos positivos. Hoje, a bacia de Campos tem 17 operadoras, de diferentes portes.
“Cada petroleira forma seu corpo técnico aqui, são contratados advogados, engenheiros, técnicos, economistas. As diferentes empresas trazem também uma maior diversidade de formas de atuação e a adoção de novas tecnologias, como nas atividades em campos maduros. Atraímos pessoas e empresas de origens distintas e essa multiplicidade de olhares também traz oportunidades para o Rio”, diz.
Segundo Karine, as atividades previstas para os próximos anos devem ajudar na retomada da indústria naval fluminense. Ela destaca a experiência dos estaleiros, principalmente, na construção e integração de módulos para plataformas de produção.
Além disso, ela lembra que a Petrobras vai permanecer como um ator relevante no Rio, já que, depois de seu programa de desinvestimentos, a estatal vai concentrar sua atuação em campos no pré-sal e em águas profundas, além de manter suas refinarias no Estado.
Ainda assim, o coordenador de conteúdo estratégico da Firjan, Thiago Valejo, acredita que o número de empresas que atuam no Estado pode subir nos próximos meses. A Agência Nacional do Petróleo realiza ainda neste ano a 17ª rodada de concessões de áreas de exploração e produção e a segunda oferta dos excedentes da cessão onerosa, leilões que terão áreas nas bacias de Campos e Santos.
“A visão do setor está mais otimista em comparação com o início da pandemia. Há os impactos do valor do barril de petróleo e do câmbio mais elevados, o que também favorece um maior volume de arrecadações governamentais, por meio de royalties e participações especiais”, afirma.
Karine ressalta que o Rio precisa aproveitar a alta nas receitas para gerar bases para o desenvolvimento, com a criação, por exemplo, de fundos para as gerações futuras. Para ela, num contexto de transição para uma economia de baixa emissão de carbono, o Rio também deve promover a integração entre diferentes fontes de energia, de modo a atrair investimentos em novas tecnologias, como a geração eólica em alto mar e hidrogênio.
“O Rio tem condições de desenvolver boas respostas para as questões relacionadas à transição energética. O Estado tem uma multiplicidade de fontes, que vão desde o petróleo e gás até a geração das térmicas, pequenas centrais hidrelétricas e a energia nuclear”, diz.
Ela lembra que o Estado também deve aproveitar para atrair novas indústrias, diante da abertura do mercado de gás natural, com o programa Novo Mercado de Gás, do governo federal. O Rio atualizou regulação estadual, em linha com as novas regras federais.
A Firjan destaca que o Rio tem projetos estruturantes que podem atrair novos negócios na área de gás, como o Porto do Açu e o Polo Gaslub, antigo Comperj, que vai ter uma unidade de processamento conectada ao gasoduto Rota 3.
“Não olhamos para o gás apenas como combustível de geração de energia elétrica, mas também para o seu potencial como insumo para a indústria de transformação, como os setores de fertilizantes e petroquímica”, afirma Karine.
Fonte: Valor