São Paulo (AE) - Antes de deixar o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentará um plano estratégico para o Brasil nos próximos 12 anos. No tocante à agricultura, o Plano Brasil 2022 - ano do bicentenário da Independência - tem propostas desafiadoras como duplicar a produção de grãos, reduzir pela metade a emissão de gases de efeito estufa na atividade agropecuária, alcançar autonomia em fertilizantes e ampliar de 15% para 50% o escoamento da safra por hidrovias e ferrovias.
São metas ambiciosas, admite o pesquisador Décio Gazzoni, que se debruça sobre as propostas desde o início de 2009, quando foi convidado pelo então ministro Roberto Mangabeira Unger a deixar a Embrapa Soja, em Londrina (PR), para se juntar à equipe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência e trabalhar no projeto para a agropecuária. Gazzoni reconhece também que se trata de um desafio para o qual não basta a boa vontade da presidente eleita Dilma Rousseff, mas de incentivos e, sobretudo, investimentos.
“As metas são ambiciosas e precisam ser. Mas são possíveis de serem executadas”, afirma Gazzoni. Tecnologia para ampliar a produção o Brasil já possui, diz ele. A safra 2009/10, encerrada em junho, resultou em 148,7 milhões de toneladas de grãos. Em 2022, prevê o estudo, chegará a 300 milhões de toneladas, “sem que seja necessário desmatar um hectare”.
Variedades disponíveis no mercado, transgênicas ou não, possibilitariam aumento da produtividade média dos cultivos em 3,3% ao ano, chegando a um incremento de 50% em 2022. “O resultado pode ser obtido em parte pela adoção de tecnologia já existente e em parte com a geração de nova tecnologia. A pesquisa vem se debruçando sobre variedades tolerantes a pragas e a seca”, informa. Para tanto, os governos deverão criar mecanismos de incentivo ao aumento da produtividade, seja por meio de certificação ou transferência de tecnologia. Os diversos institutos governamentais de pesquisa agrícola terão de contar, em 12 anos, com orçamento de R$ 6 bilhões ante os R$ 3 bilhões atuais.
Na pecuária, a meta é reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos atuais 480 Mt CO2 eq (medida usada para definir a quantidade equiparável ao potencial do CO2) para 250 Mt CO2 eq. “Reduzir é um custo, mas o mercado exige; não há como remar na contramão”, diz Gazzoni. Outra meta é tornar o sistema brasileiro de sanidade agropecuária “moderno, ágil, de pronta resposta e reconhecido internacionalmente pela sua excelência”. Para o pesquisador, o Brasil tem potencial para responder ao desafio, consolidando-se como principal fornecedor de proteína animal do mundo.
Fonte: Tribuna do Norte (RN) Natal
PUBLICIDADE