Polo metalmecânico precisa de aço laminado
A implantação da CSP por si só não garante a consolidação de um polo siderúrgico e metalmecânico no Estado. É o que avalia o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Ceará (Simec), Ricard Pereira. Ele reconhece a importância do empreendimento para a economia local, mas afirma que as empresas do setor necessitam de aço laminado. Para Ricard Pereira, a CSP é de grande importância para a economia cearense. "O projeto, quando instalado, deverá dar um acréscimo considerado no PIB do Estado. Portanto, ficamos muito satisfeitos com isso. Todo o ambiente que se constrói ao redor de um projeto desta magnitude, com certeza, trará um ´up´ considerável a nossa economia em geral", diz.
De acordo com seu Relatório de Impacto Ambiental (Rima), a CSP tem como estratégia posicionar-se no mercado internacional de aços semiacabados. A meta da siderúrgica cearense é ser "uma produtora líder de placas com elevada qualidade, tanto no quesito acabamento superficial quanto na homogeneidade e uniformidade estrutural". Conforme Pereira, o projeto da siderúrgica poderia ser ainda melhor para o Estado, "visto que a produção de placas de aço somente não agrega todo o valor devido ao minério de ferro". "O que nós sonhamos é com uma laminação de chapas, e aí sim, teríamos uma base para a implantação de um polo metalmecânico no Pecém", completa. Para chegar ao estágio de laminação das chapas, o presidente do Simec informa a necessidade de elevada demanda de chapas de aço.
"Coisa que, infelizmente, atualmente não temos; e daí a importância de conquistarmos mais projetos como por exemplo o do estaleiro que poderemos ter aqui no Ceará", completa Pereira. Apenas na primeira fase, a CSP, sozinha, irá produzir anualmente o referente a 10% de todas as placas de aço que são produzidas hoje nas siderúrgicas no Brasil.
Apesar de não existirem ainda negociações para uma futura elevação dessa capacidade, a usina cearense será implantada já com espaço que permite uma ampliação para a produção de até 12 milhões de placas de aço anuais. Segundo o presidente da CSP, Maurício Chu, o projeto da siderúrgica começou com a demanda de placas aço da Dongkuk Steel, sócia sul-coreana da joint-venture e hoje a maior compradora de placas de aço do mundo. "Mas ela (a Dongkuk) é especialista em laminação. Pode ser que no futuro possam vir os laminadores", afirma. O Governo do Estado trabalha com a possibilidade de atrair a indústria de laminação, mas com a filosofia de que um passo deve ser dado de cada vez .
CONSTRUÇÃO DO CTTC
11 empresas habilitadas na licitação
Pelo menos 11 empresas se habilitaram para a licitação de construção do Centro de Treinamento Técnico Corporativo (CTTC), a ser construído no Pecém, segundo informou ontem o titular da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Ceará, (Secitece), Rene Barreira.
O equipamento, orçado em R$ 27 milhões, sendo R$ 15 milhões só na parte de obras, vai formar mão de obra para os projetos estruturantes em curso no CIPP, como a siderúrgica.
Com edital de licitação lançado no último dia 20 de novembro, o certame do CTTC deve ser concluído dentro de aproximadamente um mês.
"Trata-se de um equipamento para formar mão-de-obra básica por que os profissionais de nível superior já vêm sendo formados pelas nossas universidades", destacou Barreira.
O secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior não quis estipular um prazo para início das obras do CTTC.
Importância da formação
Ontem, em sua fala durante a solenidade de assinatura da ordem de serviço da siderúrgica cearense, o governador Cid Gomes falou sobre a importância da formação de mão de obra local para os projetos estruturantes que estão por vir.
"De nada adianta trazer esses investimentos se eles trouxerem gente de fora para trabalhar neles", ressaltou.
Ele destacou que o Estado abriga hoje 52 escolas de educação profissionalizante em tempo integral e, ao final de 2010, contará com mais de 100 unidades desta natureza.
"Serão 52 mil jovens no ensino médio profissionalizante, colocando o Ceará entre os estados da Federação com maior número de matrículas nesta categoria", afirmou. (SC)
PARA MAIS TRÊS OBRAS
Infraestrutura requer R$ 280,2 mi
Embora corra o risco de ter as obras paralisadas por uma ação judicial impetrada pelo Ministério Público Federal (MPF), o Governo do Estado continua investindo para garantir a infraestrutura necessária aos empreendimentos instalados no Pecém. Durante a solenidade da CSP, Cid Gomes assinou ainda três ordens de serviço, que juntas somam recursos da ordem de R$ 280,2 milhões. A verba será aplicada nas obras de macrodrenagem do Setor 1 do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), construção do trecho V do Eixão das Águas e aquisição do descarregador de navios para carvão mineral.
No caso da macrodrenagem, o investimento é de R$ 10,2 milhões e será executado pela construtora EIT. De acordo com o titular da Secretaria da Infraestrutura, Adail Fontenele, a obra deve durar oito meses. "O Setor 1 do CIPP abrange a área da siderúrgica e da térmica da MPX", explicou. "O Setor 2, que compreende a parte onde ficará a refinaria da Petrobras, ainda não está definido o prazo para macrodrenagem", adiantou o secretário. Há a possibilidade de a petrolífera bancar a obra.
O trecho V do Eixão, que vai garantir água para os empreendimentos estruturantes e até alavancar o turismo na região - conforme observou o governador Cid Gomes - está orçado em R$ 247 milhões. A obra será executada por um consórcio de empresas e tem duração prevista de 15 meses. O novo trecho vai interligar o sistema de reservatórios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) com o Complexo Portuário.
O trecho compreende 56,7 km que parte do açude Gavião até o reservatório de água bruta no CIPP. Serão três trechos de tubulações por quatro estações de bombeamento, com vazão final do sistema adutor de nove metros cúbicos por segundo.
O governador também assinou com a empresa sueca McGregor a ordem de serviço para fornecimento, montagem e operação assistida do descarregador de navio para carvão mineral. O equipamento e sua montagem estão orçados em R$ 23 mi, num projeto de execução que deve durar 20 meses. Estima-se que o descarregador comece a funcionar em 2011.(Fonte: Diário do Nordeste/(CE)/SC)