A atual guerra de preços entre Arábia Saudita e Rússia criou uma situação única no mercado global de petróleo: um choque simultâneo e demanda, que caiu por causa do freio na economia global provocado pelo coronavírus, e oferta, que vai subir com a decisão saudita de ampliar sua produção.
Isso pode levar a cotação do barril de petróleo a testar o patamar de US$ 20, avalia Ed Morse, chefe de pesquisas em commodities do Citigroup e um veterano neste mercado, considerado um dos maiores especialistas do mundo no setor.
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Após cair até 30% nas negociações da manhã desta segunda-feira, o barril do tipo brent está sendo negociado por volta de US$ 35.
A espiral de queda pode se acentuar nas próximas semanas, avalia Morse.
- É a primeira vez, que eu me lembre, que há um significativo aumento da produção e um choque de demanda ao mesmo tempo - disse Morse, em entrevista à Bloomberg por telefone - É uma combinação atípica e torna mais difícil fazer previsões - completou o especialista, que acompanha o setor de petróleo desde o início da década de 1970.
A decisão da Arábia Saudita de aumentar a produção e reduzir os preços do petróleo do país irá, em algum momento, pressionar a Rússia a cooperar com a Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo), avalia Morse. Mas não é possível saber em quanto tempo isso vai ocorrer. Morse avalia que pode levar até um trimestre para que os dois países voltem a cooperar.
Após a Rússia se negar a fechar um acordo com os países da Opep para reduzir a produção e elevar os preços do petróleo - que vinham em queda por causa da crise do coronavírus -, a Arábia Saudita, em represália, decidiu partir para o ataque. Os sauditas reduziram o preço e avisaram que vão ampliar a produção, o que derrubou as cotações do petróleo.
Fonte: O Globo