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SÃO PAULO - A proposta da Vale de ajustar o preço do minério de ferro a US$ 160 por tonelada para suas clientes na China pode ser um sinal de como se guiará o preço do insumo a partir de julho. Naquele mês se repetirão os critérios do novo modelo de precificação trimestral adotado desde abril pelas maiores mineradoras do mundo: além da brasileira, as anglo-australianas Rio Tinto e BHP Billiton.
Como reflexo, as distribuidoras de aço já preveem novos reajustes para o produto.
O valor proposto pela Vale às siderúrgicas chinesas é 23% superior ao que vinha sendo aplicado anteriormente, de acordo com o que foi noticiado na imprensa ontem, atribuindo a informação a um executivo da Wuhan Iron & Steel. Por constituírem praticamente a metade do mercado mundial de compradores, as chinesas chegaram a ameaçar um boicote de dois meses ao minério, orientadas pela Associação de Ferro e Aço da China (Cisa), entidade que logo depois liberou suas associadas a negociarem os preços com suas fornecedoras, as grandes produtoras mundiais.
Os ajustes de preços, que devem ocorrer automaticamente a cada três meses, constituindo uma espécie de "gatilho", serão aplicados à maioria dos clientes, em seu maior bolo, as siderúrgicas, que têm no minério o principal composto para a produção do aço, e que, consequentemente, repassarão os novos índices.
Um dos exemplos recentes foi o anúncio da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), feito há poucos dias, quando a companhia revelou pensar em um novo modelo de reajuste para o preço do aço de forma automática, seguindo o critério das mineradoras. Tanto a Usiminas como outras companhias, a exemplo de Gerdau e de Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), entre outras, aplicaram reajustes entre 3% e 14%, caso a caso.
As mineradoras vêm aumentando o preço do minério baseadas na atual forte demanda, ainda é superior a capacidade de produção mundial, mas que com o modelo trimestral, pode ter valores maiores ou menores. Sobre uma possível retração o presidente da Vale, Roger Agnelli, disse em entrevista que poderia até ocorrer um ajuste, pois "os preços tiveram elevação muito forte nos últimos 12 meses", mas reafirmou que, por enquanto, a tendência "é de crescimento de demanda", como disse. Sobre o ajuste de 23% para as chinesas, a Vale colocou ontem que, por ora, não vai comentar estas notícias.
Cadeia produtiva
Apesar de saberem que uma nova alta de preços, vai se estender por toda a cadeia, as distribuidoras de aço creem na tranquilidade da situação. "O preço com contratos mais curtos é mais coerente, pois acaba respondendo mais ágil mente a necessidades do mercado", analisou Ivo Hoffmann, gerente de Projetos da Açotubo, uma das maiores distribuidoras de tubos de aço da América Latina. O executivo colocou que, como a cadeia está relacionada, um possível novo reajuste vai funcionar para o resto do mercado, impactando o preço dos produtos siderúrgicos, mas que isso é um sinal de demanda aquecida.
O especialista Carlos Loureiro, presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), confirmou que existe uma chance razoável de que se tenha um novo aumento de preço entre junho e julho próximos. "É o que se vem falando, sobre um novo reajuste em julho", afirmou. Ele contabiliza que usando a base supostamente colocada na China, de um preço de US$ 160 contra algo em torno de US$ 110, que era o cobrado anteriormente, o impacto na cadeia, considerando o gasto das siderúrgicas, seria de um aumento de 6% ou 7% - se o mesmo acordo for aplicado a clientes brasileiras.
Por outro lado, o executivo do Inda conta que a diluição da alta pela cadeia produtiva não significará um impacto tão pesado no bolso do consumidor. "Um carro, por exemplo, tem 6% de aço. Com o aumento de custo dessa natureza, o aumento no preço final do carro seria de 0,5%", falou.
Loureiro lembrou outra possibilidade: a de futura baixa. "Tudo depende de como o mercado internacional se comportará", afirmou, citando que o choque da economia europeia e a elevação da produção no terceiro trimestre poderiam levar a um alto nível de estoques para uma demanda menos robusta no fim do ano.
A proposta divulgada ontem por empresas chinesas de que a Vale vai ajustar o preço do minério de ferro a US$ 160 por tonelada para suas clientes naquele país é um sinal de como se guiará o preço do insumo a partir de julho. Naquele mês se repetirão os critérios do novo modelo de precificação trimestral adotado desde abril pelas maiores mineradoras do mundo - além da Vale, as anglo-australianas Rio Tinto e BHP Billiton.
Como reflexo, as distribuidoras de aço já preveem novos reajustes do produto, embora em níveis mais modestos, na casa de 8%.
O valor proposto pela Vale às siderúrgicas chinesas é 23% superior ao que vinha sendo aplicado anteriormente, de acordo com informações atribuídas a um executivo da Wuhan Iron & Steel. Por representarem a metade do mercado mundial, as chinesas chegaram a ameaçar um boicote ao minério, mas a pressão da demanda fez com que elas desistissem.
Fonte: DCI/Fabíola BinasAgência Estado
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