Zwi Skornicki, preso ontem na 23ª fase da Operação Lava-Jato, é apontado como representante comercial da cingapuriana Keppel Fels no Brasil. O grupo controla o estaleiro Brasfels, de Angra dos Reis (RJ), que desde o começo dos anos 2000 é um dos principais fornecedores de plataformas no mercado brasileiro da construção naval e offshore para a Petrobras. Na prática, dizem fontes, Zwi atuava há anos como "lobista e intermediário" da Keppel Fels nas transações com a Petrobras.
Zwi, com casas na Barra da Tijuca (Zona Oeste do Rio), em Angra dos Reis (RJ) e em Itaipava, na serra fluminense, também representava outras empresas do setor, dizem fontes do setor naval. Ele recebia comissões em contratos que levava para a Keppel, grupo de Cingapura que atua na construção de plataformas de petróleo e gás. Zwi também representou fornecedores que vendiam equipamentos para as plataformas produzidas pela Keppel Fels. Há evidências, segundo a Lava-Jato, que ele efetuou a transferência de pelo menos US$ 4,5 milhões para conta mantida no exterior pelos publicitários João Santana e Mônica Moura, responsáveis pelo marketing da campanha eleitoral do PT.
PUBLICIDADE
"Quando a Keppel [Fels] chegou ao Brasil, no fim dos anos de 1990, se instalou no escritório dele [de Zwi] na rua da Assembleia, 10, no centro do Rio", disse uma fonte. A Keppel Fels Brasil, controlada pela Keppel Corp., de Cingapura, está instalada hoje em outro prédio, também no centro do Rio. "Ele [Zwi] ocupava duas salas nas [novas] instalações da Keppel", disse a fonte. Procurada, a Keppel Fels não se pronunciou. Fontes próximas da empresa negaram que Zwi ocupasse cargo oficial no organograma da empresa. Ele é visto no setor como lobista, que se valeu de seu conhecimento para "abrir portas" para a Keppel Fels.
Uma das primeiras parcerias da Keppel foi com a Setal, do empresário Augusto Mendonça, um dos delatores da Lava-Jato. Keppel e Setal se uniram para operar o antigo estaleiro Verolme (renomeado como Brasfels). A Setal terminou vendendo a participação acionária que tinha no Brasfels para pagar dívidas bancárias. A Keppel conduziu então a construção de uma série de projetos de plataformas para a Petrobras. Esse período coincidiu com a política de retomada da construção naval brasileira, bandeira do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula e a presidente Dilma Rousseff visitaram o Brasfels na entrega de várias plataformas.
Pessoas que conhecem Zwi disseram que o executivo, de origem polonesa, já tinha entrado em uma fase de preocupação a partir do fim de 2014, quando a casa dele no Rio foi alvo de um pedido de busca e apreensão criminal, dentro da Operação Lava-Jato. "Ele [Zwi] emagreceu uns 20 quilos", disse uma fonte.
Fonte: Valor Econômico\Francisco Góes | Do Rio