Atrelados a diversos segmentos da indústria brasileira, os produtos transformados de alumínio tiveram um crescimento de 110% no consumo nos últimos dez anos, 8,6% ao ano. A produção, por sua vez, teve uma expansão de 75% no período. Um retrato desse desempenho pode ser visto no desenvolvimento do volume de alumínio extrudado, que registrou expansão no consumo de 186% no período. A produção, em ritmo menor, cresceu 163%. O desempenho deveu-se sobretudo à demanda crescente dos segmentos automotivo, de transportes e de construção civil.
A Associação Brasileira do Alumínio (Abal) estima que o consumo nacional de produtos transformados de alumínio atingiu 1,509 milhão de toneladas em 2013, volume 5,6% superior ao de 2012. Os números oficiais serão conhecidos em julho, mas a expectativa é de que o resultado de cerca de 5% de expansão em 2013 seja mantido nos próximos anos. Com um crescimento econômico de 2,3 %, com a produção industrial crescendo apenas 1,3%, a indústria do alumínio mostrou vitalidade, com um índice duas vezes maior que o verificado no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, e cinco vezes superior ao crescimento da indústria.
Segundo o responsável pela área de desenvolvimento de produtos da Sapa Aluminium Brasil, Adilson Moleiro, o crescimento acelerado no consumo de produtos de alumínio fez com que diminuísse a oferta de alumina, sobretudo para a produção de itens para a construção civil. "Esta situação fez com que os custos das indústrias de transformados fossem ampliados. A concorrência está acirrada, mas no médio e longo prazo a expectativa é de manutenção do crescimento", diz Moleiro.
Joint venture da Orkla e da Hydro, que fundiram suas operações em 2012, e com fábrica em Itu (SP), a Sapa Aluminium Brasil produz transformados de alumínio para uma variedade de aplicações, principalmente nos segmentos de construção civil e transportes. O executivo explica que a Sapa prepara novas aplicações na utilização da alumina em linhas de produção de carrocerias de caminhões mais leves e com maior capacidade de carga útil. "Os projetos para a área de transporte estão em ebulição. Vamos ter muitos produtos novos nessa área nos próximos anos. Dobramos a capacidade de produção com a nova prensa para perfis muito longos, muito pesados e muito largos", afirma.
Os produtos fundidos e forjados de alumínio, por sua vez, tiveram uma ampliação no consumo de 93%, entre 2003 e 2012, passando de 108 mil toneladas para 208 mil toneladas. Já a produção experimentou uma expansão de 71%, pulando de 131 mil toneladas por ano para 225 mil toneladas. No ano passado, a estimativa da Associação Brasileira de Fundição (Abifa) é de que a produção alcançou 250 mil toneladas, uma alta de 11% em relação a 2012. Cerca de 10% do volume produzido é exportado.
"A inserção do segmento de fundição e forja na indústria automotiva é grande. Representa algo em torno de 72% do faturamento das empresas, sobretudo na produção de rodas, bloco de motores e outras peças, a exemplo dos estribos de caminhões, miolo dos volantes de direção", afirma o secretário-executivo da Abifa, Roberto João de Deus. O executivo lembra que, para este e os próximos anos, a expectativa é de que o aumento de peças fundidas e forjadas seja ainda sustentado pela substituição de materiais na indústria automotiva, com a opção pelo alumínio.
A Novelis se movimenta também para atender à demanda crescente de alumínio no país, com laminados e chapas de alumínio em novas linhas de produção, com três investimentos que somam US$ 425 milhões. "A perspectiva é de uma grande ampliação nos próximos anos da demanda, sobretudo nos segmentos de embalagens, transporte e automotivo. A empresa está se preparando para atender a essa crescente demanda por produtos de alumínio, mais leves, mais resistentes e de melhor conformação, aumentando sua capacidade de produção", afirma a diretora de estratégia e desenvolvimento de negócios da Novelis América do Sul, Roberta Soares.
Ela explica que foram investidos US$ 340 milhões em um novo laminador, fazendo com que a capacidade de produção de laminados da Novelis seja ampliada em 50%, pulando de 400 mil toneladas por ano para 600 mil toneladas. A companhia ainda investiu US$ 50 milhões na implantação de uma linha de pintura, para produção de alumínios pintados de diversas cores, e outros R$ 35 milhões para quase dobrar o volume de produtos reciclados, que passa de 200 mil toneladas por ano para 600 mil toneladas. "Vamos ter com esses investimentos produtos novos e com acabamentos diferenciados, atendendo à tendência de mercado, sobretudo do segmento automotivo. Além disso, com o aumento do volume de alumínio reciclado, a Novelis cumpre sua meta de chegar a um percentual de 80% de reciclagem", diz Roberta.
Fonte: Valor Econômico/Carlos Eduardo Cherem | De Belo Horizonte
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