Brasília. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo de Oliveira, afirmou que o governo não tem espaço fiscal para prorrogar o Reintegra, que devolve às empresas 3% do valor exportado em manufaturados. "O programa não é tão bom agora porque é caro e, então, as nossas limitações não permitem manter o programa para 2014", disse. Segundo ele, o programa perderá a validade no fim deste ano, conforme prevê o decreto 8.073 publicado no Diário Oficial da União de ontem.
Oliveira disse que o impacto do Reintegra este ano será de R$ 2,2 bilhões, mas deve atingir R$ 4,5 bilhões em cinco anos. Isso porque as empresas têm até cinco anos para solicitarem o crédito tributário gerado com as exportações de manufaturados realizadas em 2013. "Elas não pedem de imediato", explicou.
O secretário admitiu que é ruim o fim do programa, mas alegou que é preciso manter o esforço fiscal. "Quando tem que manter a disciplina fiscal, a gente tem que tomar medidas que não são as desejadas", afirmou.
CNI apura recorde de importação
Brasília. A participação dos importados no consumo industrial bateu recorde de abril a junho, de acordo com a série histórica trimestral da Confederação Nacional da Indústria (CNI) iniciada em 2007. O coeficiente de importação do segundo trimestre atingiu 21,1%, depois de apontar 21% no primeiro trimestre do ano.
Estudo aponta que a recente alta do câmbio poderá reduzir as importações nos próximos meses e favorece a recuperação da produção nacional Foto: Alex Costa
O dado integra a pesquisa Coeficientes de Abertura Industrial, divulgada na manhã de ontem pela confederação. O estudo aponta que a recente alta do câmbio poderá reduzir as importações nos próximos meses e favorece a recuperação da produção industrial interna.
O coeficiente de importação teve seu patamar mais baixo no primeiro trimestre de 2010, quando ficou em 15,9, aponta a série histórica da CNI. Desde então, a trajetória de alta se mantém. O estudo analisa, a partir do segundo trimestre de 2007, os valores de exportações, importações e produção industrial acumulados.
O trabalho tem parceria com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) e considera o crescimento do coeficiente de penetração das importações em 12 setores da indústria de transformação. "A valorização do câmbio nos últimos meses amenizou o ímpeto importador, mas o contínuo aumento do coeficiente de importação reflete a perda da competitividade da industrial nacional frente a seu concorrente estrangeiro", diz o economista da CNI Marcelo Azevedo.
Exportação
A pesquisa da CNI aponta que, além do aumento das importações no consumo doméstico de bens industriais, caiu a participação das exportações no faturamento das empresas. O coeficiente de exportação registrou 19,2% no segundo trimestre, uma queda de 0,3 ponto porcentual em relação ao primeiro trimestre do ano. Segundo a confederação, a fraca demanda externa pelos produtos brasileiros e a queda dos preços internacionais explicam a perda no coeficiente de exportação no período.
No comparativo trimestral, houve queda no coeficiente de exportação em nove setores da indústria de transformação, dentre eles: metalurgia (1,1 ponto porcentual), máquinas e equipamentos (0,9 ponto porcentual) e têxteis (0,9 ponto porcentual).
Câmbio
A CNI analisa que a fatia de produtos importados no consumo brasileiro deve parar de aumentar no segundo semestre caso o real se mantiver no patamar mais desvalorizado.
"Com o câmbio estável nesse novo patamar é possível que o coeficiente de importações nas próximas pesquisas pare de subir", disse Azevedo.
Ele ponderou, contudo, que a taxa cambial deixa o produto importado mais caro sem resolver o problema de baixa competitividade dos manufaturados nacionais em relação àqueles produzidos em outros países.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)
PUBLICIDADE