Decidida a deixar o "duro" ano de 2012 para trás, a multinacional de automação industrial Rockwell Automation trabalhará para crescer a um ritmo de dois dígitos no Brasil nos próximos cinco anos. O país é considerado um "mercado-chave" e um dos alvos para a realização de aquisições pela companhia americana, cujas perspectivas de vendas no mercado doméstico podem servir de termômetro para medir a disposição dos mais diversos segmentos industriais em investir.
Em entrevista exclusiva ao Valor, o principal executivo e presidente do conselho da empresa, Keith Nosbusch, sinalizou que os sinais de recuperação na indústria ainda não são homogêneos. A empresa atua no Brasil desde 1978, e desenvolve equipamentos de automação, por exemplo, para as indústrias automotiva, de alimentos, farmacêutica, mineração, petróleo e gás e de eletrônicos.
"Neste ano, acreditamos que os melhores setores serão os de produtos de consumo, como alimentos, bebidas e produtos de higiene pessoal e limpeza. Esse mercado é bom por causa do crescimento da classe média. Com esse crescimento [da classe média], as pessoas tendem a procurar mais variedade e opções", afirmou o executivo, que esteve em Brasília para participar do Fórum de CEOs Brasil-EUA. "Também acreditamos que o setor automotivo será forte, há muitos investimentos sendo realizados atualmente. Muitos investimentos multinacionais. Em seguida, petróleo e gás, pois há muitos investimentos da Petrobras em andamento."
Por outro lado, há segmentos que não apresentarão tamanho dinamismo. "Os mais duros mercados a curto prazo serão mineração e açúcar e etanol", ponderou.
Apesar de prever que o México ainda será o melhor mercado para a companhia na América Latina em 2013 devido ao bom momento que herdará do ano passado, Nosbusch demonstrou otimismo com o cenário econômico brasileiro. A meta da Rockwell Automation é crescer a um ritmo de dois dígitos nos próximos cinco anos no país, e o executivo da companhia, sediada em Milwaukee, já vê sinais de melhora nos últimos meses.
As vendas totais da Rockwell Automation somaram US$ 6,26 bilhões no ano fiscal encerrado em setembro de 2012, uma alta de 4% em relação ao mesmo período anterior. Desse total, os mercados emergentes responderam por 22%. As vendas na América Latina totalizaram US$ 504,8 milhões, redução de 1%. "Nós não crescemos no Brasil, mas crescemos no resto da América Latina", disse o executivo, segundo quem o desempenho "levemente negativo" da empresa no Brasil deveu-se em parte a variações cambiais que não são esperadas novamente a curto prazo.
Excluindo os EUA, o Brasil é o sexto maior mercado da empresa. Está atrás de Canadá, China, Reino Unido, Itália e Alemanha. Para Nosbusch, no entanto, o país pode ultrapassar a Itália se a companhia conseguir crescer em 2013 a um ritmo de dois dígitos.
No fim de 2012, a Rockwell Automation inaugurou sua segunda fábrica no país. A unidade de Jundiaí recebeu investimentos de "mais de US$ 20 milhões" e dobrou a capacidade de produção da companhia. Segundo Nosbusch, a fábrica também "neutralizou" eventuais impactos causados pelas políticas do governo de exigência de conteúdo nacional para alguns setores.
Outras preocupações da empresa no país são os efeitos da inflação sobre os investimentos das empresas e a falta de mão de obra qualificada. Para resolver esse último gargalo, a Rockwell Automation desenvolve projetos com universidades para especializar trabalhadores em automação industrial.
Fonte: Valor Econômico/Fernando Exman | De Brasília
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