A Rolls-Royce está sendo investigada sob suspeita de usar uma rede de agentes para ajudar a obter contratos lucrativos em ao menos 12 países, entre eles o Brasil, usando propinas em algumas ocasiões, segundo reportagem divulgada nesta segunda-feira (31) pelo jornal "Guardian" e pela emissora BBC.
A investigação, realizada por agências anticorrupção do Reino Unido e dos Estados Unidos, é baseada em documentos vazados e depoimentos de funcionários que sugerem que a fabricante britânica de turbinas pode ter feito pagamentos ilícitos ao longo de anos para aumentar seu lucro.
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A Rolls-Royce, que tem valor de mercado de 13 bilhões de libras, não quis comentar questões específicas, segundo a reportagem do "Guardian" e da BBC.
Um porta-voz da empresa citado pelo "Guardian" afirmou que "preocupações com propinas e corrupção envolvendo intermediários permanecem sujeitas a investigação do SFO (escritório de fraudes graves) e de outras autoridades". "Nós estamos cooperando completamente com as autoridades e não podemos comentar investigações em curso."
No Brasil, a investigação aponta que a empresa teria pago propinas de US$ 200 mil (165 mil libras) para a Petrobras para conquistar um contrato de US$ 100 milhões para instalação de equipamentos em plataformas de petróleo. Anteriormente, a empresa já havia dito estar cooperando com investigadores brasileiros.
Não ficou claro se a investigação é a mesma estampada na capa do "Guardian" em agosto do ano passado e que indicava que "um influente empresário brasileiro que teria pago propina a executivos da Petrobras e a autoridades em nome de contratantes".
Além do Brasil, o esquema de contratação de agentes para pagamento de propinas teria sido implantado também em Índia, China, Indonésia, África do Sul, Angola, Iraque, Irã, Cazaquistão, Azerbaijão, Nigéria e Arábia Saudita.
Um dos suspeitos de participar do esquema da Rolls-Royce é um empresário cuja família doou mais de 1,6 milhão de libras para o partido Liberal Democrata e que é atualmente conselheiro do líder da legenda, Tim Farron.
Parte da investigação do SFO deve focar na relação da empresa com a Unaoil, firma com sede em Mônaco e que foi acusada de usar suborno para ganhar contratos em vários países —entre eles Iraque, Irã e Cazaquistão— para dezenas de multinacionais.
A Unaoil nega envolvimento em práticas de corrupção em seu relacionamento de negócios com a Rolls-Royce.
Em declarações citadas pelo "Guardian", o SFO diz estar conduzindo investigações sobre alegações de propina e corrupção envolvendo tanto a Rolls-Royce quanto a Unaoil.
Fonte: Folha de São Paulo/DE SÃO PAULO