De São Paulo - Resultados abaixo das expectativas e uma investida malsucedida na Itália elevaram o conservadorismo na gestão de caixa da Romi, mas isso não significa um desvio no projeto de internacionalização da fabricante de máquinas industriais.
Aquisições fora do país, combinadas à expansão orgânica de negócios no exterior, seguem no radar do grupo sediado em Santa Bárbara d'Oeste, no interior paulista, que tem como meta ampliar a exposição aos mercados internacionais, hoje responsáveis por 23% de suas vendas.
Dois fatores, na avaliação da própria empresa, já podem contribuir no curto prazo para esse objetivo. Primeiro, o cenário mais positivo para as exportações em decorrência da desvalorização do real. Depois, as receitas no exterior tendem a subir com a evolução dos resultados da Burkhardt + Weber (B+W), fabricante alemã de máquinas de grande porte comprada no início do ano passado e que, além de obter 30% de suas vendas na China, onde a indústria de bens de capital segue em alta, entrou neste ano no mercado americano.
Após reportar prejuízo de R$ 4,4 milhões no terceiro trimestre, a direção da Romi informou que a companhia já absorveu o maior impacto da alienação de ativos na Itália, evento que derrubou seus últimos resultados. Dessa forma, a empresa vê espaço para melhorar ainda mais as margens de rentabilidade, levando em conta seu foco na busca por eficiência operacional. "Depois de 2011, quando não tivemos o crescimento esperado, nossa meta passou a não ser mais o crescimento, mas sanar os resultados. O desempenho do terceiro trimestre mostra que estamos na trilha dessa recuperação, que pode avançar ainda mais", disse Livaldo Aguiar dos Santos, presidente.
Nos três meses encerrados em setembro, a margem de geração de caixa medida pelo Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos resultados financeiros, impostos, depreciação e amortização) chegou a 9,9%, bem acima do patamar de um ano antes, 1,2%, e superior aos 8,1% do segundo trimestre.
Contudo, o resultado do terceiro trimestre foi prejudicado por baixa contábil de € 3,2 milhões provocada pela venda de ativos industriais da subsidiária italiana. As operações na Itália foram adquiridas há cinco anos, mas, deficitárias, passaram a depender de um grande ajuste de mão de obra cujo custo seria inviável para a Romi.
Diante da possibilidade de processos trabalhistas e de pesadas indenizações nas demissões dos empregados na Itália, a Romi decidiu vender os ativos pelo simbólico valor de € 1, transferindo assim os riscos trabalhistas para a Scout One. (EL)
Fonte: Valor Econômico
PUBLICIDADE