A escassez de chuvas dos últimos dois meses, reflexo do fenômeno climático La Niña, prejudica a safra de grãos na região Sul do Brasil. "Ainda não estimamos as perdas, mas a situação está difícil e os prognósticos para janeiro não são bons", afirma o gerente técnico da Emater-RS, Dulphe Pinheiro Machado Neto.
No Rio Grande do Sul, cerca de 50% das lavouras de milho estão na fase de floração e enchimento de grãos, período em que a água é essencial e sua escassez afeta a produtividade. As lavouras do norte do Estado, que estão justamente nessa fase, diz Machado Neto, são as mais afetadas.
Conforme o gerente da Emater-RS, a redução do potencial produtivo da safra gaúcha de milho é irreversível. De acordo com a Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab), a área plantada de milho na safra 2011/12 no Rio Grande do Sul deve atingir 1,2 milhão de hectares, com uma produção de 6,1 milhões de toneladas.
No caso da soja, as preocupações são menores, diz Machado Neto. Isso porque a produção da oleaginosa no Estado ainda está no período de desenvolvimento vegetativo, em que a necessidade de chuvas é menor. "A soja demanda chuva em fevereiro".
No Paraná, a situação é especialmente delicada nas porções oeste, sudoeste e norte do Estado, onde estão concentradas 70% da produção de soja - 4,1 milhões de hectares - e não chove há três semanas, conforme Flávio Turra, agrônomo da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). "Em algumas localidades, o período sem chuvas já chega a 30 dias", acrescenta.
Segundo Turra, cerca de 30% da safra de milho do Paraná, principal Estado produtor do país, também corre riscos. "O impacto é menor para o milho porque sua produção está concentrada na região centro-sul, onde a seca é menos grave", revela. Conforme a Conab, a área plantada do grão na safra 2011/12 no Estado deve atingir 4,5 milhões de hectares, enquanto a produção deve alcançar 13,1 milhões de toneladas.
Apesar da preocupação, Turra diz que as chuvas esperadas para o fim de semana podem aliviar a situação das lavouras que foram plantadas mais tarde e que, em consequência, ainda não atingiram o estágio de floração e enchimento de grão. "Nas outras lavouras, porém, a perda já está concretizada. E é expressiva", afirma.
Fonte: Valor Econômico/Por Luiz Henrique Mendes | De São Paulo
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