O segmento de bens intermediários chegou a 2011 com dinâmicas setoriais bem diversas. Enquanto a siderurgia amarga estoques elevados nas distribuidoras e concorrência cada vez mais acirrada dos importados, o setor de resinas petroquímicas começa o ano otimista com a recomposição de estoques do varejo (embalagens) e com baixos estoques nos clientes de artefatos de plásticos.
Carlos Loureiro, presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), diz que os estoques do setor, que fecharam 2009 em 765 mil toneladas, devem ter fechado 2010 (números preliminares) perto de 1,15 milhão de toneladas, uma elevação de 50%. "O começo do ano será de desova de estoques que só deverão estar em níveis normais entre abril e maio", antevê o executivo.
Loureiro entende que houve uma bolha de estocagem de aço pelos distribuidores nos dois primeiros trimestres de 2010, na expectativa de uma demanda muito acelerada, e que essa bolha ainda não foi desfeita até hoje. Ele parte de um exercício simples para explicar a constatação: em 2010 o consumo aparecente deve mostrar um aumento de 42% a 43% do consumo aparente de aço no país (representado pelas vendas da indústria). Em uma série de 20 anos, porém, o aumento médio do consumo tem sido equivalente a duas vezes o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Com a estimativa quase unânime de que o PIB cresceu cerca de 7,5% ano passado, infere-se que o crescimento real do consumo de aço ficou em torno de 15%, em linha com o que cresceram a construção civil (16%) e a indústria automobilística (14%). Isso dá uma diferença superior a 25 pontos percentuais entre o consumo aparente e o real. Feitos os ajustes devidos, Loureiro crê que essa diferença é de, pelo menos, 15 pontos.
Além dos estoques elevados, outro fator a pressionar negativamente a produção brasileira de aço em 2011 é a concorrência externa. Loureiro estima que as importações fecharam 2010 muito próximas das 6 milhões de toneladas, um recorde que representou de 22% a 25% do consumo, quando a média histórica é entre 5% e 6% .
Rui Chamma, vice-presidente da Unidade de Polímeros da Braskem), começa 2011 com percepções negociais bem diferentes das de Loureiro. Segundo ele, o mês de dezembro foi "atípico", no sentido positivo, para o mercado de resinas termoplásticas, compondo um cenário de aquecimento parecido com o do final de 2007.
"A gente sente a demanda arrefecer lá por volta de 15 de novembro. As empresas começam a dizer que vão parar em dezembro e nós esperamos o retorno lá para fevereiro", explica o executivo, acrescentando que dessa vez foi diferente. "Poucas empresas deram férias coletivas e a demanda foi normal, com exceção da semana entre o Natal e o Ano Novo." Em consequência, ele define este começo de ano como "animado", com o varejo repondo estoques (o que demanda embalagens plásticas) e os pedidos fluindo para a indústria.
Fonte: valor Econômico/Chico Santos | Do Rio
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