O Instituto Aço Brasil (IABr) acredita que o setor siderúrgico brasileiro terá de passar por período de "aprendizado" em relação ao novo sistema de reajustes trimestrais para o minério de ferro e prevê que deverão ocorrer aumentos nos preços por conta da pressão com as elevações de até 100% do valor do insumo, que juntamente com o carvão representa 50% dos custos da produção de aço.
"Evidente que algum aumento terá de ocorrer. Em que momento e intensidade, não sabemos", diz o presidente executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, que apresentou ontem o balanço semestral da produção siderúrgica no país.
Segundo ele, o novo modelo de reajuste trimestral do minério de ferro, baseado nas cotações do mercado spot asiático, preocupa as usinas, que até então negociavam anualmente os novos patamares de preços e tinham negociações anuais com seus clientes. "Alguns falam em reajuste mensal (para o minério), com o qual não concordamos", disse Lopes.
As projeções do IABr apontam que a importação e o consumo aparente de aço no país atingirão níveis recordes em 2010. De acordo com os dados apresentados pelo instituto, as importações de aço fecharão o ano em 4,150 milhões de toneladas, 78% acima dos 2,332 milhões de toneladas importadas no ano passado e 56,25% superiores ao recorde anterior, de 2,656 milhões de toneladas em 2008.
Para Lopes, a alta das importações reflete fatores como apreciação do real, aquecimento da demanda no país e excesso de oferta no mercado internacional. "Esses dados só ratificam que não precisamos ter artificialismos como alíquota de importação zerada."
O executivo afirmou que o aumento das compras externas acontece em todas as faixas de produtos. Lopes rechaçou a ideia de que as recentes importações para construção dos navios que serão utilizados pela Transpetro tenha impacto significativo nos números.
Segundo o IABr, do total de 2,732 milhões de toneladas importadas no primeiro semestre, 107,18 mil toneladas corresponderam à compra de chapas grossas - tipo de aço usado nos cascos dos navios - nos três primeiros meses do ano. O volume de chapas grossas importadas foi 74,5% superior às 61,313 mil toneladas dos três primeiros meses de 2009.
Lopes também chamou a atenção para o que batizou de faceta "especulativa" do aumento das importações. De acordo com o executivo, distribuidores importaram aço apostando em um aumento dos preços no país. "Muitos trouxeram material achando que teria alta substantiva do aço, o que não ocorreu e agora estão empanturrados de aço, que nem jiboias."
Outra previsão recorde feita pelo IABr foi para o consumo aparente, que deverá atingir 24,980 milhões de toneladas este ano, 34,5% acima das 18,576 milhões de toneladas de 2009. O instituto estima em 33,161 milhões de toneladas a produção nacional de aço bruto em 2010, 25,1% acima das 26,506 milhões de toneladas de 2009.
No primeiro semestre, a produção de aço bruto no Brasil atingiu 16,380 milhões de toneladas, alta de 55% frente às 10,565 milhões de toneladas de janeiro e junho do ano passado. As importações aumentaram 148,4% na comparação com os seis primeiros meses de 2009, de 1,1 milhão de toneladas para 2,732 milhões de toneladas.
Fonte: Valor Econômico/Rafael Rosas, do Rio
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