SÃO PAULO – O presidente da Usiminas, Wilson Brumer, disse hoje que a indústria siderúrgica terá que se “reinventar” para enfrentar um ambiente de negócios mais desafiador, no qual as matérias-primas ganham espaço na composição de custos e corroem margens de rentabilidade.
Durante apresentação dos resultados do segundo trimestre à imprensa, o executivo avaliou que os fundamentos do setor mudaram nos últimos anos. Segundo ele, os fatores variáveis da produção – caso de insumos e mão de obra – respondem hoje por 80% dos custos totais, forçando empresas a buscar a verticalização das atividades para reduzir a exposição à escalada nos preços de commodites.
Brumer disse que, no passado, a situação era inversa, com apenas 20% dos gastos ligados a fatores variáveis e a maior parcela - 80% - constituída por custos fixos.
A empresa trabalha com a tendência de maior estabilidade nos preços dos principais insumos – como minério de ferro e carvão - no terceiro trimestre. No entanto, também avalia que as matérias-primas seguirão cotadas em patamares elevados no longo prazo, o que exigirá das siderúrgicas novos esforços na busca por ganhos de eficiência, melhoria de processos e uma estrutura de produção mais integrada.
A melhora de margens operacionais da Usiminas na passagem do primeiro para o segundo trimestre agradou alguns analistas, que viram no movimento reflexos de iniciativas para reduzir custos e despesas.
Aos jornalistas, Brumer disse que ainda há espaço para mais ganhos de eficiência e fez uma analogia entre as ações da empresa para enxugar custos e uma toalha molhada: sempre há uma gota para sair quando é torcida. “Só não pode rasgar a toalha”, comparou.
A siderúrgica espera realizar neste ano investimentos da ordem de R$ 2,6 bilhões, mas Brumer ressaltou que o foco do grupo tem sido mais os ganhos de eficiência do que o aumento de capacidade. “Em siderurgia, não se pode falar apenas em aumento de quantidade, tem que se falar em aumento de competitividade.”
Na busca por autossuficiência no consumo de minério de ferro, a Usiminas conduz um programa de R$ 4,1 bilhões para elevar a produção própria do insumo a 29 milhões de toneladas a partir de 2015. A expectativa é chegar a uma capacidade anual de 8 milhões de toneladas já no fim deste ano.
Brumer informou que existe a possibilidade de que novas parcerias com mineradoras vizinhas na região de Serra Azul, em Minas Gerais – como o arrendamento de reservas minerais firmado no mês passado com a MBL – sejam anunciadas até o fim do ano. “Preferimos ser parceiros de vizinhos do que sair comprando minas.”
Já no consumo de energia, o grupo quer alcançar autossuficiência até 2015 e atingir uma economia de R$ 350 milhões nessa área. A companhia tem em estudo a construção de uma termelétrica de 200 megawatts na usina de Cubatão (SP), o que permitiria minimizar consumo de energia de terceiros - em torno de 400 megawatts atualmente.
Durante o evento com jornalistas, Brumer também afirmou que a Usiminas programa para setembro a parada para manutenção de um dos altos-fornos de Cubatão. Por isso, já começou a formar estoques de placas de aço.
(Fonte: Valor Econômico/Eduardo Laguna )
http://www.valoronline.com.br/online/siderurgia/62/465911/siderurgicas-precisam-se-reinventar-diz-presidente-da-usiminas
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