Siemens do Brasil vai ampliar fábrica de transformadores
Duarte, da Siemens: metade da produção de transformadores é para exportação e acredita em câmbio torno de R$ 2
A fábrica de transformadores do complexo industrial da Siemens do Brasil em Jundiaí, interior de São Paulo, vai ganhar uma ampliação de 20% na sua capacidade de produção e terá uma área de 2.500 metros quadrados a mais este ano. O projeto integra o orçamento estimado entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões de investimentos no Brasil em 2010. Parte desse orçamento também prevê a construção de uma fábrica de turbinas eólicas, mas esse investimento só será definido depois de fechados os contratos com os vencedores do leilão realizado em dezembro.
Com isso, a empresa alemã reforça seus investimentos no setor de energia no Brasil, área que não foi barrada nem mesmo com a crise financeira internacional. A companhia decidiu no início do ano passado, por exemplo, manter a construção de sua primeira fábrica de capacitores no mundo, erguida também em Jundiaí, e começou a operar em dezembro, já com toda a produção de 2010 vendida.
Os capacitores são usados em linhas de transmissão de longas distâncias para aliviar a tensão nos momentos em que se consome menos energia. Os investimentos nessa fábrica vieram na esteira da expectativa de crescimento dos investimentos em linhas de transmissão desse porte no país, que devem ser realizados após concretizadas as licitações de grandes usinas hidrelétricas. A Siemens não vai fornecer esse tipo de equipamento para os linhões do Madeira, que vão ligar as usinas de Santo Antônio e Jirau ao Sudeste. Mas projetos como os de Tapajós e Teles Pires e outros empreendimentos no Norte influenciaram a decisão dos investimentos. "Nos próximos 20 anos o mercado interno terá grande expansão", diz Newton Duarte, diretor de energia da empresa.
A maior parte da produção de capacitores dessa fábrica será num primeiro momento exportada, e servirá para suprir os próprios projetos que a Siemens já tem em outros países. A empresa deixa de adquirir capacitores de fornecedores e passa a suprir projetos de linhas de transmissão e subestações no Brasil.
Quando a Siemens decidiu manter os investimentos na fábrica de capacitores, o dólar vivia na época uma valorização frente a moeda brasileira em função da crise. Cenário que se inverteu completamente no fim do ano passado. Enquanto em 2008 o dólar fechou com uma valorização de 34%, encerrou 2009 cotado a R$ 1,74, com queda de 25% frente a moeda brasileira. Duarte diz que essa queda fez os projetos brasileiros perderem competitividade, já que as exportações são registradas em dólar. Mas ele acredita que o câmbio encontrará um equilíbrio na casa dos R$ 2 por dólar.
Mas não é só a fábrica de capacitores que sofre com a desvalorização da moeda americana. Os próprios transformadores fabricados pela Siemens, que terão sua capacidade de produção ampliada em 20%, também são em grande parte exportados. Da pauta de exportações brasileiras de transformadores de cerca de R$ 400 milhões, metade é de produtos Siemens.
Com o projeto da ampliação da fábrica de transformadores, a empresa vai passar a produzir no Brasil equipamentos de até 800 kV, que devem atender principalmente a demanda industrial. Metade da produção entretanto será exportada, como a empresa já faz com o transformadores de 230 kV.
Para 2010 também é grande a expectativa da empresa com a fabricação de turbinas eólicas. Em dezembro, o governo federal realizou o primeiro leilão de energia eólica e nos próximos 24 meses quase 2.000 megawatts (MW) serão instalados e vão requerer cerca de mil aerogeradores e investimentos estimados entre R$ 7 bilhões e R$ 9 bilhões. "Nosso investimento vai depender dos contratos que fecharmos", diz Duarte.(Fonte: Valor Econômico/Josette Goulart, de São Paulo)