O Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga, em Minas Gerais, rejeitou a proposta feita pela Usiminas de redução da jornada de trabalho acompanhada de redução de salários. A empresa diz que a medida seria uma forma de evitar demissões. Representantes da empresa apresentaram aos sindicalistas detalhes da proposta em reuniões em Ipatinga e em Cubatão (SP) na segunda e quarta-feira passada.
A Usiminas precisa, por lei, da aprovação dos funcionários formalizada pelo sindicato para por em prática a redução de um dia de trabalho na semana e o corte de salário. Os salários teriam uma redução de 14% a 16%, segundo a proposta da siderúrgica.
Em todo o país, seriam afetados cerca de 3 mil trabalhadores, majoritariamente na área administrativa. O sindicato diz que uma parte menor está no chão de fábrica. O que a empresa tem sinalizado é que, sem essa medida, terá de iniciar um processo de demissões. A direção do sindicato, no entanto, acha que a companhia está blefando e fala na possibilidade de greve.
"O sindicato não vai levar para a assembleia essa proposta de reduzir jornada e salário", diz Geraldo Magela Duarte, diretor do sindicato. "Estamos em contato frequente com os trabalhadores e eles estão revoltados. Dizem que não podem aceitar redução de salário. Os trabalhadores já vivem numa condição de arrocho."
Magela diz que o entendimento do sindicato é que a empresa vem acumulando lucro, repassando dividendos aos acionistas e que não há necessidade de enxugamento do quadro. Nas reuniões com representantes da direção da Usiminas, sindicalistas de Minas defenderam estabilidade de emprego enquanto vigorasse a semana curta - de segunda a quinta-feira - ou por um período depois. A empresa não colocou isso na mesa.
"Tanto a empresa se disse aberta quanto o sindicato não foge à discussão, mas a empresa não se mostrou disposta a apresentar outra proposta que não retire direitos", disse o sindicalista. "Vamos continuar as mobilizações e se a empresa insistir nisso, o sindicato convocará os trabalhadores a pararem a produção", completou.
Por meio de nota, a Usiminas disse, no início da noite de quarta, lamentar a posição do sindicato. "Apesar de todo o esforço da Usiminas, o sindicato recusou em mesa a proposta de redução da jornada de trabalho, ao contrário de outras unidades da empresa em que as discussões estão avançando. A Usiminas lamenta a atitude do Sindipa em não levar a proposta para votação dos empregados administrativos em assembleia, uma vez que ela visa à própria preservação da equipe no atual cenário de crise econômica." E diz: "Para a empresa, essa é uma questão em que os empregados devem ser ouvidos o mais breve possível."
A Usiminas desligou ontem um de seus alto-fornos em Ipatinga. É um alto-forno pequeno e antigo, mas que aponta para o quadro de queda na demanda, que a empresa diz ser a causa dessas medidas. No dia 31, um alto-forno da usina de Cubatão já havia sido desativado.
"Em face deste cenário econômico adverso, a Usiminas permanece trabalhando em redução de custos, com foco maior no aumento da eficiência operacional de suas linhas de produção e com o objetivo de preservar, ao máximo, seus trabalhadores", informou.
Fonte: Valor Econômico/Marcos de Moura e Souza | De Belo Horizonte
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