Quer saber o que novos sócios e expectativa de supersafra podem mudar no rumo de uma empresa? É só ligar para o vice-presidente do Kepler Weber, Olivier Colas, que terá o maior prazer em desfilar resultados como lucro líquido de R$ 31,3 milhões em 2012 (alta de 10,7% frente a 2011), carteira de pedidos farta para a largada de 2013 que está revertendo saldo negativo típico do primeiro semestre, e retomada de pagamento de dividendos a acionistas, depois de mais de oito anos em jejum. Mas o que mais entusiasma o executivo é a perspectiva de reduzir a quase zero o endividamento, cuja cifra caiu para aproximadamente a metade no ano passado.
A dívida, que impôs medidas de reestruturação e restrição financeira em boa parte dos anos 2000, saiu de R$ 42,4 milhões em 2011 para R$ 22,6 milhões no ano seguinte. “Já está em quase zero neste ano”, atesta Colas. Um dos impulsos para abater o passivo foi o adiantamento de resgate de debêntures, que ajudou a reduzir o estoque. O vice-presidente adiantou, nesta quinta-feira ao analisar o balanço do ano passado, em Porto Alegre, que não está nos planos da companhia contrair empréstimos ou outros financiamentos para aplicar na operação. A única possibilidade de ir ao mercado de crédito é cogitada para trocar dívidas mais caras por mais baratas.
Os frutos dessa nova fase, que foi instaurada no último bimestre do ano passado, são efeito de um mercado mais comprador (disposto a aplicar parte dos ganhos em silos) e a estreia de dois novos acionistas - Banco Clássico (família Abdala) e fundo Onys Latin América. O ingresso foi a primeira colheita após a virada na estratégia do grupo, com sede no Rio Grande do Sul e líder em equipamento para armazenagem, que no último trimestre do ano passado fez grupamentos de ações e contratou o maior banco de investimentos do País, o BTG Pactual, para atuar como formador de mercado. Clássico e Onys somam, respectivamente, capital de 9,9% e 6,5%.
Ao concentrar pouco mais de 16,5% dos papéis (todos hoje de ações ordinárias), os dois sócios reduziram de 50% a quase 37% o capital da Kepler em poder de um grupo de acionistas. Os detentores de papéis ainda incluem Previ (17,56%), Banco do Brasil Investimentos (17,54%) e Shalom FIA (11,56%). Com isso, o patrimônio líquido terminou o ano em R$ 321 milhões, avanço ante R$ 296,9 milhões (2011). E a pulverização pode continuar. Colas aponta que o desempenho recente do negócio vem atraindo mais investidores.
Um dos sintomas é a valorização das ações, que ficaram quase em 0% em 2012, fechando o ano a R$ 12,30, e chegaram a bater em R$ 15,00 no começo de 2013. Um dos atrativos deverá ser a nova política de distribuição de dividendos, que ficará entre 42% e 47,5% do lucro líquido. Este ano o grupo também baterá martelo sobre o ingresso no Novo Mercado da BM&FBovespa. Boa parte do desempenho de 2012 é creditada a uma mudança na política de preços. Segundo o executivo, a companhia decidiu se diferenciar com reajuste de tabelas. O efeito foi produção 11% menor, mas geração de caixa (Ebitda), depois de despesas, depreciações e amortizações, 8,6% maior. O saldo foi de R$ 56,9 milhões, ante R$ 52,40 do período anterior. Colas projetou que 2013 será excepcional, com demanda forte até junho. Os investimentos até 2014 alcançarão R$ 26 milhões a R$ 28 milhões, parte em novos sistemas de informação. Também será concluída a especialização das plantas, situadas em Panambi (RS) e Campo Grande (MS). Com cerca de 1,5 mil empregados (1,1 mil no Estado), a direção diz que abrirá mais vagas, mas não revela o número.
O aquecimento do mercado interno, que tem déficit de estrutura para guardar 40 milhões de toneladas, deve sugar mais de 80% da capacidade fabril. Colas cita que este fator impedirá maior crescimento no exterior. Outro foco do grupo é elevar os serviços acoplados à venda de bens de capital. Esta mudança entra em campo em 2014.
Fonte: Jornal do Comercio (POA)/Patrícia Comunello
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