Os subsídios nos custos dos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), calculados sobre a capitalização de R$ 180 bilhões feita nos últimos dois anos, representam um gasto de quase R$ 3 bilhões ao ano do Tesouro Nacional. Essa é uma conta que confronta os custos de captação do Tesouro e os juros cobrados pelo BNDES nos seus empréstimos. E é exatamente porque o preço que o governo paga para colocar títulos da dívida pública no mercado subiu, com os dois últimos aumentos da taxa de juros Selic, começou-se a falar, na área econômica do governo, que o banco deveria rever as condições dos financiamentos que concede, sobretudo as do Programa de Sustentação do Investimento (PSI).
Na mesma direção, de não ampliar mais os subsídios, é que há quem defenda um aumento da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), na próxima reunião do Conselho Monetário nacional (CMN), dia 24. O conselho terá de determinar a TJLP para o terceiro trimestre do ano, parada em 6% desde julho de 2009, quando a Selic era de 8, 75%.
Para manter o mesmo nível de subsídios, argumenta-se no governo que o BNDES deveria ajustar suas condições de financiamento, aumentando os juros cobrados das empresas. Antes que, como insinuou uma fonte da área econômica, os tomadores de crédito da instituição comecem a buscar ganhos de arbitragem pelo diferencial de taxa do banco e as pagas pelo mercado.
Fontes do BNDES, porém, negam que a diretoria do banco esteja cogitando rever as taxas de juros das linhas de financiamento, nesse momento. Essas mesmas fontes lembram que essa é uma decisão exclusiva da diretoria do banco e que já há, no caso do PSI, a previsão de aumento anunciada em março. Os juros dos financiamentos de máquinas e equipamentos devem subir dos 4,5% atuais para 5,5% ao ano a partir de julho, conforme o cronograma original. E os juros dos financiamentos para exportação de bens de consumo, também no âmbito do PSI, passarão de 7% para 8%.
O PSI foi criado pelo governo, em julho de 2009, para dar ânimo à indústria abalada pela crise global. De lá para cá as condições do setor mudaram e a produção industrial cresce a taxas exuberantes. Por outro lado, a inflação e os juros básicos aumentaram, deixando os créditos do BNDES com taxas negativas de juros.
Fonte: Valor Econômico/ Claudia Safatle, de Brasília
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