Tecnologia e serviços são os setores chaves para o Ceará dentro dos Brics, bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A avaliação é de João Bosco Monte, pós-doutor em relações internacionais e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor). Em Diálogos O POVO CBN, realizado ontem, teve como tema “O papel dos Brics na economia mundial”. Estiveram presentes palestrantes de instituições como Banco Mundial, Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Bosco ressalta, entretanto, que o Ceará precisa aproveitar melhor suas potencialidades. “Nós temos que atrair empresas desses países (dos Brics) para se instalarem aqui no Ceará. Nós temos know-how, temos universidades, e temos centros de pesquisas que podem convergir com esses que já existem no mundo. Nós podemos oferecer serviços e pensar em parques tecnológicos”.
O professor justifica a opção pelo setor de serviços por ser um produto fácil de ser comercializado em todo o mundo e por ser essencial para todos os países. “Do ponto de vista pragmático, de resultados, eu acho que é mais interessante a gente pensar em serviços”.
João Bosco destacou ainda a Zona de Processamento de Exportação de Pecém (ZPE Ceará) como um equipamento importante para a expansão do Estado, principalmente após a expansão do Canal do Panamá, prevista para 2014, que fará com que o Porto do Pecém fique na rota dos maiores navios do mundo, entre Europa e o leste dos Estados Unidos e a Ásia. “Com a nossa localização, com a conectividade que nós temos, com a África, o Estado tem que olhar o canal do Panamá como um vetor para chegar até os Brics”.
Atração
Com relação a investimentos dos países membros dos Brics no Ceará, João Bosco diz que isso deve ser encarado como uma política de estado a ser alcançada no longo prazo. “Para você atrair um investidor precisa pensar como isso vai se redundar em resultados daqui a dez, 20 ou 30 anos. E esses outros países já fizeram isso”.
No entanto, o professor observa que ainda há muito a fazer nesse sentido. “s empresas do Ceará sem sequer fazem negócios com os países vizinhos do Mercosul. Ainda temos muito o que caminhar”.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
“O papel dos Brics na economia mundial” teve como intuito discutir as perspectivas do bloco no contexto econômico mundial. O evento foi uma realização da rádio O POVO CBN e da Fundação Demócrito Rocha.
O tema mais polêmico a criação de um banco voltado exclusivamente ao desenvolvimento dos países membros dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A proposta foi apresentada na palestra da especialista Sênior em Governança do Banco Mundial, Susana Carrillo. De acordo com ela, o banco teria como objetivo, apoiar a integração dos países membros do grupo além do desenvolvimento da infraestrutura desses países.
Segundo Carrillo, a criação do banco exigiria o alinhamento das agendas política e econômica dos membros. E a partir desse banco, seria discutida a adoção de uma moeda única de negociação como alternativa ao dólar americano. A proposta foi considerada ruim por Renato Galvão Flores, diretor da Internacional Inteligence Unit (IIU/FGV) e professor na Escola de pós-graduação em Economia (EPGE/FGV) e um dos palestrantes do evento.
“Já temos o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Banco Mundial. Isso é uma desvirtuação dos Brics. Criar mais um banco é criar mais uma burocracia, cara, e que será sustentada pelas populações dos países membros”, ele argumentou. Na visão de Flores, o bloco deve estar focado em ações voltadas para a inovação.
(Fonte:O POvo (CE)TATIANA FORTES
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