Na contramão do Ibovespa, as ações da Petrobrás fecharam a semana com valorização em torno dos 15%. Apesar de uma recuperação dos preços do petróleo, com alta acumulada superior a 30% na semana, o movimento da estatal na Bolsa tem como pano de fundo também os melhores fundamentos, segundo analistas. Eles apontam que a companhia está mais preparada para enfrentar a crise do que em 2008, por exemplo.
Para Juliana Monteiro, analista da MyCap, a Petrobrás de hoje se encontra em patamar muito diferente do que o verificado em crises anteriores, em produção, endividamento e estrutura de capital. "Assim sendo, julgamos ser um movimento que deverá ser apoiado em múltiplos positivos no longo prazo e possível redução da guerra de preços e produção do petróleo", afirma. Outros pontos importantes são a retomada da produção na China e valorização do dólar.
PUBLICIDADE
Para Henrique Esteter, da Guide Investimentos, o mercado não trabalha com a manutenção do preço do petróleo na casa dos US$ 20 o barril por muito tempo. Sendo assim, o preço atual das ações ficou atrativo para compra. "Acredito que a perspectiva para a empresa deve permanecer positiva, mesmo com as altas ocorridas ao longo da semana", diz Esteter.
As medidas tomadas recentemente pela administração da Petrobrás, como vendas de ativos não essenciais e de rentabilidade baixa, são apontadas como trunfo da companhia pela analista da Terra Investimentos Sandra Peres. Isso porque ajudou na queda do endividamento. Ela acredita que um possível acordo de diminuição de produção envolvendo Rússia e Arábia Saudita podem garantir uma melhora mais acentuada das ações, no curto prazo.
Alvaro Bandeira, economista chefe do banco digital Modalmais, ressalta os cortes de produção anunciados pela empresa, no total de 200 mil barris por dia. Segundo ele, essa é uma "atitude de empresa privada e que preserva a boa governança".
Quem demonstra mais cautela em relação às ações da estatal é Renato Chanes, estrategista de Pessoa Física da Santander Corretora. Para ele, as incertezas sobre a demanda por petróleo ainda são muitas, por conta da pandemia de covid-19. E a Petrobras pode ter que reduzir as atividades de refino e, consequentemente, a produção. "Os cortes de produção não são suficientes para sustentar o preço das ações em meio a um cenário de falta de demanda por combustíveis no mercado doméstico", diz Chanes.
Fonte: Estadão