A União Europeia anunciou na sexta-feira medidas preventivas para assegurar o abastecimento de açúcar em seus 27 países-membros em 2012. O pacote abre uma cota de importação de 400 mil toneladas, a partir de janeiro, destinadas ao setor industrial, basicamente para o segmento químico. Além disso, a UE, que tem autorização da OMC para exportar 1,3 milhão de toneladas, decidiu dar o sinal verde para apenas 650 mil toneladas de açúcar e outras 50 mil de isoglucose.
Essas medidas serão adotadas no ano fiscal que começa em outubro e ilustram a preocupação europeia com o abastecimento diante do aperto no mercado mundial da commoditity. "Com essas medias, os operadores receberam um forte sinal de que é atrativo produzir açúcar", afirmou a UE em comunicado.
Bruxelas nota que, no atual "marketing year", os preços mundiais de açúcar bruto e refinado atingiram níveis excepcionalmente altos, afetando o mercado europeu. Essa situação levou a UE a adotar "medidas excepcionais" para garantir o abastecimento também este ano, entre elas a abertura de uma cota de 300 mil toneladas livre de tarifas.
O bloco também liberou a venda no mercado interno de 500 mil toneladas do açúcar "fora da cota" - ou seja, a produção que excedeu os limites nacionais autorizados. Normalmente, esse excedente só podia ser exportado ou destinado a fins não alimentares, como produção de etanol ou uso na indústria química. No começo do ano, Bruxelas suspendeu a taxa de € 500 por tonelada sobre o açúcar fora da cota que poderá ser vendido para fins alimentares.
Esse suprimento adicional de 800 mil toneladas chegará ao mercado europeu nos próximos meses para atenuar as pressões altistas sobre o preço. Dependendo da situação, a UE diz que está pronta a considerar "medidas adicionais, incluindo o aumento da cota de importação". Em 2009/10, a UE importou de 2,5 milhões e 3 milhões de toneladas. O volume crescerá em 2011 e 2012.
O Comitê Europeu de Fabricantes de Açúcar (Cefs) acredita que as medidas terão pouco efeito, porque se há escassez de produto no mercado internacional, dificilmente os europeus poderão importar mais para atender suas necessidades. A entidade reitera que, no começo do ano, quando a UE sinalizou que facilitaria as importações, os preços internacionais subiram. Teoricamente, o Brasil deveria ser beneficiado pela necessidade europeia, se tivesse mais açúcar para vender. De qualquer forma, se os preços subirem, o país tende a ser favorecido.
Fonte: Valor Econômico/Assis Moreira | De Genebra
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