A Ultrapar tem avaliado potenciais sócios estratégicos para disputar os ativos de refino colocados à venda pela Petrobras, mas também tem uma estratégia para participar de maneira independente do processo, disse nesta quinta-feira o presidente da holding do grupo Ultra, Frederico Curado.
O grupo avançou para a fase final da disputa pela Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), conforme já anunciado pela Petrobras, mas Curado não forneceu mais detalhes em razão de um acordo de confidencialidade. “Não temos como comentar prazos, mas a pandemia tornou o processo um pouco mais lento”, comentou.
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Em relação ao portfólio atual do grupo, Curado afirmou que desde 2018 há um esforço contínuo de recuperação dos resultados, que tem sido satisfatório, embora a pandemia tenha afetado particularmente o desempenho da Ipiranga, de distribuição de combustíveis.
“A estratégia de alocação de capital continua”, afirmou, acrescentando, em resposta a analistas, que o grupo não procura um sócio para a Ipiranga. Curado disse ainda que ativos na cadeia de valor do gás natural também estão na pauta de avaliação da companhia, mas ainda em fase preliminar.
O executivo disse também que o grupo sentiu a recuperação da atividade econômica no país em todos os seus negócios no terceiro trimestre, o que sustentou bons resultados operacionais e financeiros em suas operações. “Todos os negócios têm aproveitado oportunidades à medida que a atividade econômica se recupera”, afirmou.
Curado destacou que o resultado operacional da Ultragaz no trimestre foi recorde, beneficiado pela recuperação das vendas sobretudo no segmento granel e pela sustentação das margens. A Ipiranga também mostrou recuperação dos resultados, embora as margens do etanol sigam pressionadas, e a Extrafarma, de varejo farmacêutico, segue em processo de melhoria contínua, com o melhor Ebitda trimestral desde que foi comprada pelo grupo, em 2014.
Na Oxiteno, disse Curado, o forte desempenho foi ajudado por volumes e câmbio. A Ultracargo, por sua vez, segue acelerando a expansão dos terminais em Vila do Conde (PA) e Itaqui (MA), que devem estar concluídos em 2022.
“Em suma: todos os negócios tiveram bom desempenho no trimestre, confirmando a resiliência do portfólio e a qualidade dos nossos negócios”, acrescentou.
O presidente do Ultra comentou ainda que as mudanças recentes na administração, com a troca de nomes à frente da diretoria de finanças e relações com investidores, e entrada do Pátria no acordo de acionista, são positivas.
Recuperação na venda de combustíveis
A perspectiva é de manutenção da recuperação dos volumes de venda de combustíveis na Ipiranga no quarto trimestre, com margens relativamente estáveis na comparação com o terceiro trimestre, de acordo com o diretor financeiro e de relações com investidores da Ultrapar, Rodrigo Pizzinatto. “Até agora, o aumento de custos tem sido menor do que o visto no terceiro trimestre”, ponderou o executivo.
Conforme Pizzinatto, que estava à frente da Extrafarma, e sucedeu o executivo André Pires, houve depuração na rede de postos da Ipiranga no trimestre, com foco nas unidades de maior galonagem. Em setembro, a rede contava com 7.107 postos.
No terceiro trimestre, disse o executivo, a Ipiranga deu início ao provisionamento dos relacionados ao RenovaBio, com R$ 66 milhões. Esse valor corresponde a pouco menos da metade das exigências para 2020, observou, de forma que haverá novo provisionamento no quarto trimestre.
Na Extrafarma, rede de varejo farmacêutico, a expectativa é de continuidade de melhoria de desempenho, com crescimento dos resultados recorrentes no quarto trimestre frente ao mesmo intervalo de 2019.
Na Ultragaz, depois do resultado operacional recorde de R$ 222 milhões no terceiro trimestre, a previsão para os próximos trimestres é de resultados similares aos verificados em igual período do ano anterior, “lembrando que o quarto trimestre é sazonalmente mais fraco”, disse o executivo.
Para a Ultracargo, o grupo projeta manutenção do patamar de crescimento dos resultados visto no terceiro trimestre. Conforme Pizzinatto, as expansões dos terminais de Vila do Conde, no Pará, e Itaqui, no Maranhão, começam a entrar em operação ao longo dos próximos 18 meses, antes do prazo previsto originalmente.
O executivo afirmou ainda que, na Oxiteno, embora os últimos três meses do ano também sejam sazonalmente mais fracos, a previsão é de volumes e margens similares ao visto no terceiro trimestre
Fonte: Valor