Está na reta final a avaliação do preço das reservas da União que serão usadas para capitalizar estatal
Há expectativa de que um suspense de US$ 100 bilhões termine esta semana. Caso se confirme a fixação do preço do barril de petróleo das reservas que a União vai transferir à Petrobras para reforçar o capital da empresa, deve ser resolvida a incerteza que afeta a companhia na Bovespa.
Sem confirmação oficial, circulam no mercado os resultados das avaliações, que variam de US$ 5 a US$ 12 por barril. Dependendo desse valor, o total envolvido no lançamento de ações da estatal pode ir de US$ 70 bilhões a US$ 170 bilhões.
Um dos motivos para a disparidade, explicam especialistas em mercado de petróleo, é que a tendência das empresas contratadas para fazer a avaliação é “agradar ao cliente”, já que há critérios subjetivos embutidos.
Com a queda de um quarto de seu valor de mercado desde o início do ano (veja quadro), a Petrobras perdeu, na semana passada, o primeiro lugar nessa classificação para a Vale.
O estresse que cerca o negócio fez a estatal divulgar nota afirmando ter “inquirido” o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, sobre declarações a respeito das avaliações em análise – no mínimo, uma infeliz escolha de vocabulário.
Na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou que a capitalização será efetuada no prazo previsto, até o final de setembro. Embaladas por essa perspectiva, as ações fecharam praticamente estáveis em relação ao dia anterior. Mas ainda há dúvidas no mercado.
Entenda a situação
POR QUE AS AÇÕES ESTÃO CAINDO?
Segundo analistas do mercado, devido a incertezas sobre a capitalização da companhia. Acionistas privados temem que o modelo leve o governo a aumentar sua fatia no controle, o que resultaria na diluição da participação dos minoritários.
O QUE É A
CAPITALIZAÇÃO?
É uma injeção de recursos. Na Petrobras, teria forma de aumento de patrimônio, por meio das reservas da União, e de dinheiro, com o aporte dos minoritários.
POR QUE É NECESSÁRIA?
Para que a estatal possa sustentar investimentos estimados entre US$ 400 bilhões e US$ 600 bilhões na exploração das reservas do pré-sal.
COMO FUNCIONA?
O que vai definir a capitalização é o repasse de 5 bilhões de barris em reservas da União para a Petrobras, chamada de “cessão onerosa”. A companhia vai pagar por esse ativo com uma emissão de ações.
DO QUE DEPENDE?
Da avaliação das reservas que serão transferidas. Para a Petrobras, a avaliação foi feita pela DeGolyer & MacNaughton. Para o governo, por meio da Agência Nacional do Petróleo (ANP), pela Gaffney, Cline & Associates. Reportagem da revista Época acusa a ANP de ter contratado a empresa sem licitação.
PARA QUANDO ESTÁ PREVISTA?
Foram entregues relatórios preliminares da avaliação, agora analisados por uma comissão de ministros, que deve divulgar o preço final esta semana. Não há informação oficial, mas circulam versões de que a avaliação para o governo ficou entre US$ 10 e US$ 12 por barril, e para a Petrobras, entre US$ 5 e US$ 6. Definidos os valores, a capitalização deve ocorrer em setembro deste ano, conforme previsão do governo.
QUAL O INTERESSE DO GOVERNO?
Em tese, obter o maior valor possível para as reservas que vai transferir à Petrobras, mas também assegurar que a capitalização da empresa seja viável.
QUAL O INTERESSE DA PETROBRAS?
Pagar o menor valor possível pelas reservas e garantir uma capitalização suficiente para suas necessidades de recursos.
Fonte: Diário Catarinense/Marta Sfredo
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