A siderúrgica Usiminas, que publica seu balanço de 2015 na quinta-feira, precisa de uma injeção de capital de R$ 900 milhões neste ano, enquanto negocia dívidas bancárias de R$ 4,3 bilhões que vencem até 2018. Esse será um dos temas da reunião de amanhã dos acionistas controladores e do conselho administrativo da empresa, na qual deverão ser aprovadas as demonstrações financeiras do ano passado.
A situação crítica da companhia mineira, controlada pelo grupo italiano Ternium-Techint e pelo japonês Nippon Steel, é semelhante a de outras siderúrgicas no Brasil e no exterior, que enfrentam uma maré de maus resultados, com excesso de oferta de aço no mercado global. No Brasil, o desempenho é agravado pela retração econômica a partir de 2014. A demanda por aços planos no país caiu 30% em dois anos. Nos últimos quatro anos, a Usiminas perdeu 84% de seu valor de mercado, a Gerdau, 75%, e a CSN, 73%.
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Analistas de bancos preveem que a Usiminas vai apresentar na quinta-feira um balanço com prejuízo de R$ 507 milhões no quarto trimestre do ano passado, ante perdas de R$ 117 milhões um ano antes.
O Valor levantou dados das sete principais companhias siderúrgicas do mundo que já divulgaram seus balanços e apurou que elas tiveram prejuízo líquido conjunto de US$ 5,95 bilhões no ano passado - em 2014, haviam obtido lucro de US$ 4,1 bilhões. A receita líquida agregada ficou em US$ 269 bilhões, queda anual de 19%.
Os grupos incluídos nos levantamento foram ArcelorMittal, maior produtora de aço do mundo, Nippon Steel, a segunda do ranking, Posco, JFE, Tata Steel, Nucor e ThyssenKrupp. A siderúrgica brasileira melhor colocada na lista é a Gerdau, no 16º lugar. Nenhuma siderúrgica chinesa de relevância apresentou seus números até agora.
Todas as empresas citaram em seus relatórios anuais a influência da China para esse quadro deteriorado do setor no mundo. O mercado tem excesso de capacidade de produção. As companhias chinesas responderam por 49,5% da fabricação internacional no ano passado, com 803,8 milhões de toneladas de aço bruto.
Fonte: Valor Econômico/Ivo Ribeiro e Renato Rostás | De São Paulo