Marcelo Gasparino, presidente do conselho de administração da Usiminas, declarou Maury Fonseca Bastos como eleito para o cargo de seu suplente no colegiado, durante reunião em 29 de julho, segundo ata do encontro que foi divulgada ontem. A decisão desagradou Nippon Steel, Ternium-Techint e Previdência Usiminas - que formam o bloco de controle da companhia. Na mesma reunião, os conselheiros votaram em Yoichi Furuta para o lugar de Eiji Hashimoto, também eleito terceiro suplente. Ambos são indicados da Nippon Steel.
Mas o ponto principal foi a escolha de suplentes para a presidência do conselho. Maury Fonseca Bastos, Silvio Claudio Peixoto de Camargo e Robert Juenemann foram indicados. Os representantes do bloco controlador foram contrários à nomeação. Gasparino, eleito por minoritários em voto em separado, votou a favor de Fonseca Bastos. Como presidente do conselho, Gasparino declarou o suplente nomeado por conta da decisão da CVM no processo 2925 de 15 de junho deste ano, em que a autarquia consideraria apenas os votos favoráveis aos candidatos apresentados. A ata traz como anexos manifestações contrárias das três controladoras. O documento foi publicado com censura
O grupo Ternium-Techint declarou no anexo que "a eleição de suplente de um conselheiro eleito em separado está sujeita ao mesmo quórum aplicável à eleição do respectivo titular". Ou seja, o grupo vê como ilegal a eleição de Fonseca Bastos como se deu. Procurada, a companhia preferiu não se manifestar.
Em outro anexo, os conselheiros da Nippon Steel afirmam que a decisão de Gasparino fere o combinado em reunião prévia - método que foi adotado há alguns meses para os controladores entrarem em consenso.
Mais cedo, a Usiminas apresentou seu balanço do segundo trimestre, período no qual apurou prejuízo líquido atribuível a controladores de R$ 602,2 milhões. A empresa garantiu que vai continuar perseguindo sua meta de vender ao exterior parte da produção sem demanda no Brasil e "olhar de perto" suas métricas de crédito para evitar novos estouros dos limites de alavancagem.
A empresa reviu o valor recuperável de seus direitos minerários e decidiu contabilizar o "impairment", por conta de preços menores do minério de ferro, no balanço de abril a junho. A baixa foi de R$ 985 milhões e derrubou a última linha durante o período.
Por outro lado, se a receita líquida caiu 13,8% em comparação com os mesmos meses de 2014 e terminou em R$ 2,68 bilhões, a siderúrgica mineira viu seus esforços para exportar aço darem certo. As vendas para o mercado internacional aumentaram em 92,7%, para 424 mil toneladas, enquanto no âmbito doméstico houve queda de 31,2%, para 850 mil toneladas.
O Ebitda ficou negativo em R$ 755,2 milhões, mas o indicador ajustado foi a R$ 227,2 milhões, recuo de 57,8%. A alavancagem da companhia - dívida líquida sobre Ebitda - terminou junho em 3,7 vezes, contra teto de 3,5 vezes nas cláusulas restritivas de emissão de dívida.
Para arrumar a casa, a Usiminas cortou sua pretensão de investimentos no ano, de cerca de R$ 1 bilhão para R$ 750 milhões. O orçamento cairá 31,8% se o valor se confirmar e Rômel Erwin, presidente da siderúrgica, afirmou que será mais seletivo com a alocação de recursos. O grupo afirmou ainda que consegue rodar a nível um pouco abaixo da taxa de depreciação do setor, que vai de R$ 600 milhões a R$ 700 milhões.
No terceiro trimestre, a companhia quer exportar mais aço e reduzir a participação do mercado interno no total de vendas. Entre abril e junho, a empresa comercializou um lote extraordinário - 40% do volume destinado ao exterior - de 169 mil toneladas de chapas, a maior parte para a Turquia, mas nos três meses posteriores a perspectiva é de queda para esse produto. A Usiminas planeja elevar as exportações de laminados.
Fonte: Valor Econômico/Renato Rostás | De São Paulo
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