A Usiminas reapresentará o projeto da nova usina, em Santana do Paraíso (MG), ao conselho de administração em 24 de agosto, informou ontem o presidente da companhia, Wilson Brumer, durante avaliação do desempenho da companhia de abril a junho.
O plano inicial, que foi suspenso devido à crise financeira, consiste na construção de uma usina com capacidade de produção anual de 5 milhões de toneladas de placas. No entanto, o grupo tem considerado alternativas para suavizar o impacto do custo do projeto, como realizá-lo em duas fases, de 2,5 milhões de toneladas cada uma. "Tudo faz parte dos estudos realizados e em conclusão", afirmou Brumer.
No trimestre passado, a empresa obteve lucro de R$ 347 milhões, 3,5% acima da cifra de um ano antes, quando ainda sofria os impactos da crise econômica mundial. No semestre, o resultado somou R$ 676 milhões, com alta de 273% sobre o período de janeiro a junho de 2009.
O lucro operacional (lajida), no semestre, passou de R$ 476 milhões para quase R$ 1,6 bilhão. A margem mais que dobrou: de 9,4% para 24%. "Conseguimos ofertar quase 1 milhão de toneladas a mais neste ano ao mercado doméstico", comentou Brumer.
O executivo, que assumiu recentemente o comando da empresa, deixando a presidência do conselho, destacou o fluxo de investimentos de R$ 14 bilhões entre 2007 e 2014. "Apenas este ano serão R$ 3,2 bilhões e serão outros R$ 2,7 bilhões em 2011", afirmou, lembrando que esses valores não incluem os investimentos no negócio de mineração.
Até 2012, estarão maturando diversos investimentos em curso nas usinas de Ipatinga (MG) e Cubatão (SP), entre os quais aumento da oferta de chapas grossas, de aços galvanizados para indústria automotiva e mais laminados a quente, como novo equipamento em Cubatão, para autopeças e outros segmentos industriais.
"Esses projetos vão adicionar à companhia R$ 3 bilhões em receita", informou Brumer. A empresa aposta no crescimento da demanda por obras de infraestrutura, eventos da Copa de 2014 e Olimpíada de 2016, além de obras do pré-sal e dos programas de moradias populares.
Ele informou que a Mineração Usiminas, que nasce de fato no início de agosto na associação com Sumitomo, será capitalizada com US$ 1,98 bilhão. A trading japonesa ficou com 30% do negócio e já aportará, entre setembro e outubro, US$ 1,35 bilhão.
"A empresa não precisará tão cedo de recursos ", argumentou Brumer ao descartar a possibilidade de a divisão mineira captar no curto prazo recursos em uma abertura de capital na bolsa de valores.
O reajuste entre 3,5% e 6% que será aplicado pela Usiminas a partir de agosto é insuficiente para cobrir as pressões de custos decorrentes do encarecimento de insumos e novas revisões de preços poderão ser anunciadas "no futuro", disse o vice-presidente de negócios da companhia, Sergio Leite.
"Em algum momento, haverá a necessidade de (outro) reajuste", afirmou o executivo durante teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre. Na semana passada, a Usiminas justificou os reajustes do aço pela alta de aproximadamente 35% e 75% do minério de ferro e do carvão, respectivamente, a partir de julho.
O movimento tem apertado as margens da cadeia e Lakshmi Mittal, dono da ArcelorMittal, maior siderúrgica do mundo, já apontou a necessidade de um reajuste de 10% no preço do aço neste semestre para preservar a rentabilidade de sua empresa.
Apesar da pressão, os executivos da Usiminas preferiram não confirmar ontem se novos aumentos serão aplicados até dezembro. De acordo com Leite, os produtores de aço passaram a adotar um sistema de reajustes trimestrais com a mudança na revisão dos preços do minério de ferro, que passou a ser de três em três meses. "Fomos forçados a operar com reajuste trimestral".
Brumer afirmou que o reajuste de agosto está sendo negociado com os clientes. "A pressão de custos tem nos forçado a buscar preços mais altos", justificou. Ele também defendeu isonomia na competição com fornecedores estrangeiros diante do crescimento de 160,8% nas importações até junho. "O Brasil tem uma carga tributária diferente da desses países", argumentou.
Fonte: Valor Econômico/Eduardo Laguna e Ivo Ribeiro, de São Paulo
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