O reajuste do minério de ferro da Valeneste primeiro trimestre de 2011 foi de 8,08% para clientes internacionais com contratos de longo prazo, na faixa de 7% para as siderúrgicas brasileiros e de zero para o setor guseiro durante o mês de janeiro, apurou o Valor.
Os novos preços, já em vigor desde segunda-feira, oscilam entre US$ 142 a tonelada no mercado internacional e de US$ 140 a US$ 141 no mercado doméstico, dentro do cálculo da formula de reajuste trimestral IODEX, que é autoaplicável. Eles foram calculados com base nos novos percentuais de aumento aplicados sobre o preço de US$ 131,90 vigente no ultimo trimestre de 2010.
Os números levantados não consideram os descontos negociados caso a caso entre a Vale e sua clientela. A empresa comunicou os novos valores aos seus clientes com um mês de antecedência de sua vigência. Isso é possível porque a fórmula IODEX sempre fecha o trimestre, defasado em um mês. O reajuste do primeiro trimestre foi contabilizado com base na média do 'spot' chinês no período setembro-novembro. O preço é aplicado no trimestre calendário.
Tudo indica que a formação de preço do minério da Vale para o segundo trimestre pode levar a nova alta, em torno de 5%, conforme analistas ouvidos pelo Valor. Isso porque o preço do minério da empresa no período de abril, maio e junho será definido em cima da média efetiva do preço do 'spot' chinês no período dezembro a fevereiro. E o 'spot' vem subindo vigorosamente desde dezembro.
No último mês de 2010, o minério no mercado livre da China chegou a ser negociado a US$ 170 a tonelada. Neste mês, ao que tudo indica, também continuará em alta. Ontem, era negociado a US$ 171 a tonelada. Se se mantiver assim até fevereiro, quando fecha a formação de preço do IODEX/Vale, certamente terá espaço para nova alta. O recorde foi em abril, quando atingiu US$ 187 a tonelada.
No momento, o cenário é de demanda aquecida, principalmente da China, onde a mineradora costuma vender no mercado 'spot'. Os mercados da Coreia e do Japão, onde a maioria das usinas tem contratos de longo prazo com a Vale, também estão se recuperando. A demanda na Europa, região onde a Vale tem muitos contratos de fornecimento, recupera-se gradualmente. Se houver melhoria na economia europeia e as siderúrgicas reforçarem seus pedidos, as vendas da Vale deverão ser muito boas em 2011.
Na projeção dos analistas, a companhia está preparada para produzir este ano 311 milhões de toneladas de minério. Em 2010 deve ter chegado a 300 milhões de toneladas. Conforme seu plano de investimento, há alguns meses, está previsto o aumento da capacidade de produção para 520 milhões de toneladas em 2015. Quase 70% de crescimento ante 2011.
Os projetos novos de Serra Sul, em Carajás, e Simandou, na África, vão responder por 90 milhões e 50 milhões de toneladas deste total, respectivamente. O projeto Apolo, em Minas, contribuirá com 24 milhões de toneladas. Outro projeto, o de Serra Leste, em Carajás, vai colaborar com mais 10 milhões.
Um fator que tem colaborado também para manter vigorosa a procura por minério é o regime de cotas de exportação do produto em vigor na India. O governo indiano prioriza a oferta local para evitar que as siderúrgicas do país arquem com os altos custos do produto no mercado global. A India era uma exportadora importante para a China e isso diminuiu, beneficiando o Brasil. A qualidade do minério é alta: 65% de ferro.
Fonte: Valor Econômico/Vera Saavedra Durão | Do Rio
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