A Vale está analisando abrir participação para um sócio na área de fertilizantes. A sociedade pode se dar na holding que controla o negócio, a antiga Vale Fertilizantes, hoje uma área de negócios da mineradora ou em projetos específicos como é o caso de Carnalita, em Sergipe, ou Kronau, no Canadá. "Podemos fazer uma joint venture com cada um desses projetos ou [o sócio]
entrar na holding e participar dos ativos existentes e dos que serão construídos", disse Murilo Ferreira, presidente da Vale.
Se a opção do possível parceiro for por ingressar na holding de fertilizantes, a Vale não quer um investidor financeiro. "Queremos alguém que já tenha ativos construídos e em operação de fertilizantes." Ele não citou nomes de potenciais candidatos a uma parceria, mas reconheceu que há tratativas em curso: "Estamos namorando", brincou. Ferreira não citou qual percentual pode ser vendido, o que depende do futuro parceiro.
Ferreira disse também que potenciais parcerias com ativos existentes poderão fazer com que a Vale supere a produção que era estimada para o projeto de potássio de Rio Colorado, na Argentina, de 4 milhões de toneladas por ano. Este ano a Vale anunciou a suspensão do projeto de Rio Colorado e a busca de parceiros na área de fertilizantes surge como uma alternativa. A capacidade de produção superior a 4 milhões de toneladas anuais também poderá ser garantida com o desenvolvimento do projeto de Kronau somado ao de Carnalita. Carnalita é um projeto com capacidade para 2,2 milhões de toneladas, podendo crescer, disse Ferreira.
Carnalita ainda não foi aprovado pelo conselho de administração da Vale. Hoje, a mineradora já produz em Sergipe 700 mil toneladas de potássio no projeto Taquari-Vassouras, que está em fase de exaustão. Krnoau encontra-se em fase de estudos de engenharia.
A parceria em fertilizantes é, porém, um assunto menos maduro do que o de carvão. No "Vale Day", em Londres, no início do mês, a Vale anunciou que pretende se desfazer de fatias minoritárias em projetos de carvão em Moçambique e na Austrália, como noticiado pelo Valor. Ontem, Ferreira reforçou que a empresa está em negociações com potenciais interessados para vender uma participação no Corredor Nacala, uma ferrovia com mais de 900 km em Moçambique. O objetivo da companhia, conforme já havia sido explicitado no Vale Day, é reduzir a participação da empresa no Corredor Nacala dos atuais 70% para 35% mais um voto.
Esse modelo vai garantir à Vale como maior acionista individual, uma vez que o governo moçambicano, dono de 30% do negócio com investidores locais, determinou que a ferrovia que está em construção será usada para transportar carga geral e não apenas o carvão de Moatize até o terminal marítimo de Nacala-à-Velha. "Estamos em tratativas concretas de parceria para o Corredor Nacala", disse Ferreira. A venda de participação nesse ativo logístico deve representar custos menores de investimento para a Vale e significa uma oportunidade de redução de desigualdades e de condições melhores para a população de Moçambique. "O presidente [moçambicano] falou comigo mostrando o interesse de que essa ferrovia fosse aberta a todos os interesses, de exportar qualquer tipo de carga, seja grãos, fertilizantes", disse o executivo.
Ferreira também indicou que a venda da última fatia na empresa Valor da Logística Integrada (VLI) pode ocorrer a qualquer momento. "Poderemos ter surpresa rapidamente." As negociações envolvem a Brookfield. No fim, a Vale deve ficar com 38% da VLI. Mas essa fatia poderá cair para 31% caso o BNDES exerça um direito que detém sobre a Ferrovia Norte-Sul, um dos ativos da VLI.
Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes e Rodrigo Polito | Do Rio
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