Diante da retomada da economia chinesa e de perspectivas positivas para a indústria dos EUA, o diretor de relações com investidores da Vale, Roberto Castello Branco, crê que os preços do minério de ferro não entrarão em trajetória de queda neste ano, como ocorreu no terceiro trimestre de 2012.
"Estamos moderadamente otimistas [sobre a alta dos preços]. Não vemos razão para que os preços mergulhem para US$ 88 [a tonelada, recorde recente de baixa], como ocorreu em setembro", disse o executivo.
Castello Branco não quis prever, porém, um patamar de preço para o minério de ferro, que manteve uma média de US$ 130 a tonelada no ano passado, quando a freada da economia chinesa e altos estoques do país derrubaram os preços.
O diretor afirmou que os setores de construção civil e infraestrutura, que absorvem 60% da demanda por minério de ferro para a fabricação de aço na China, estão em fase de recuperação e mostram bom desempenho.
A retomada recente da economia do país asiático tem como origem o aumento do crédito, em especial por meio do desenvolvimento do mercado de capitais privado, com o lançamento de novos produtos, disse.
Ainda que a China tenha neste e nos próximos anos um crescimento menor, na faixa de 7%, ele diz que será "um resultado fantástico" diante do tamanho a importância do país asiático na economia do mundo e na demanda por minério de ferro.
Outro fator positivo, avalia, é a recuperação da competitividade da indústria dos EUA com as descobertas de grandes volumes de gás de xisto e seu baixo custo --o que abre espaço para uma alternativa barata de energia para o país.
Setores como petroquímica e de aço estão "ressurgindo", diz, com o baixo preço do gás --usado como insumo ou fonte de energia.
O executivo disse, no entanto, que o alto endividamento das economias desenvolvidas pode ser um entrave à recuperação econômica global neste ano, ao trazer receio e desestimular investimentos.
CUSTOS
Para o analista Felipe Hirai, do Bank of America, o setor de mineração mudou de foco nos últimos anos, diante de uma desaceleração da demanda mundial por minérios e metais.
Antes, o objetivo principal era ampliar o faturamento, diz. Agora, passou a ser a redução de custos e a melhora das margens de retorno.
Hirai disse que estudo da instituição mostra que os investimentos das mineradoras serão mais moderados nos próximos anos, com alta de 20% em 5 anos. "Antes, víamos empresas falando em dobrar de tamanho nesse período."
Muitas companhias, diz o analista, arcaram com aumento do custo de projetos de novas minas, o que as levou a uma postura mais conservadora agora.
Fonte: Folha de São Paulo/PEDRO SOARES DO RIO
PUBLICIDADE