A Vale fechou o primeiro trimestre de 2020 com lucro de R$ 984 milhões, ante prejuízo de R$ 6,4 bilhões no mesmo período do ano anterior, quando o rompimento de barragem da mina de Córrego do Feijão deixou 270 mortos em Brumadinho (MG).
No trimestre, a companhia teve queda de vendas devido a fortes chuvas e manutenção de equipamentos e sofreu efeitos negativos da desvalorização do real frente ao dólar sem seu resultado financeiro.
PUBLICIDADE
O balanço não trouxe impacto significativo da pandemia do coronavírus, mas a mineradora diz que nos próximos trimestres pode haver risco de redução de produção tanto por contaminação de empregados quanto por aumento das restrições pelas autoridades.
"A Vale está enfrentando estes tempos desafiadores da pandemia do Covid-19 com responsabilidade, disciplina e senso de urgência", disse, no balanço, o presidente da mineradora, Eduardo Bartolomeo.
No fim de março, a companhia acionou US$ 5 bilhões (R$ 25 bilhões) em linhas de crédito rotativo para reforçar seu caixa para enfrentar a crise. A companhia comprometeu R$ 500 milhões para apoio humanitário e outros R$ 900 milhões para apoiar fornecedores.
No primeiro trimestre, a Vale produziu 59,6 milhões de toneladas de minério de ferro, 18,2% a menos do que o verificado nos primeiros três meses de 2019 e abaixo da meta estipulada para o período, que oscilava entre 63 e 68 milhões de toneladas.
Segundo a empresa, a frustração no cumprimento da meta foi provocado por condições climáticas adversas, problemas operacionais e pela manutenção de equipamento na mina S11D, no Pará, seu principal projeto em expansão.
A empresa reduziu sua meta de produção de minério em 2020, passando de 340 a 355 milhões de toneladas a 310 a 330 milhões de toneladas. A medida reflete a perda de produção no primeiro trimestre e dificuldades para retomar operações em minas paralisadas após o desastre de Brumadinho.
Entre os efeitos da pandemia, a Vale elencou em seu relatório de produção apenas a interrupção das operações em um terminal marítimo na Malásia e de uma mina no Canadá e no adiamento de manutenção de uma unidade de processamento de carvão em Moçambique.
A companhia espera inda volatilidade nos preços do minério de ferro diante das incertezas sobre o ritmo de retomada da economia global. "O estágio diferente dos lockdowns em diferentes regiões adiciona outra camada de incerteza, em vista das complexas conexões entre cadeias de suprimentos", diz.
No primeiro trimestre, a Vale teve receita de R$ 31,2 bilhões, praticamente estável com relação ao registrado no mesmo período do ano anterior. O Ebitda (indicador que mede a geração de caixa de uma companhia) foi de R$ 12,9 bilhões - no ano anterior, o indicador havia sido negativo em R$ 2,8 bilhões.
A desvalorização do real frente ao dólar reduziu em R$ 5,6 bilhões o valor de derivativos usados pela empresa para proteger sues compromissos em reais e aumentou a parcela da dívida da empresa em dólar.
Nos primeiros três meses de 2019, logo após o desastre de Brumadinho, a empresa fez provisões de R$ 19 bilhões para gastos com indenizações e remediação da área afetada. Em 2019, a Vale teve prejuízo de R$ 6,6 bilhões.
Fonte: Folha