A Vale estima que mesmo se a China, seu maior cliente global, desacelerar seu crescimento econômico, o valor agregado chinês ainda aumentará significativamente e o país pesará mais em seu faturamento total.
Rafael Benke, diretor global de assuntos corporativos da Vale, mostrou em conferência da Unctad (Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), em Doha, que entre 2002-11, quando o crescimento médio chinês foi de 10,6%, o valor agregado da economia chinesa foi de US$ 2,7 trilhões. No caso de crescimento médio de 7% entre 2012-2021, ou seja, menor, ainda assim quase duplicará o valor agregado para US$ 4,1 trilhões.
"O impacto da economia chinesa continuará enorme", afirmou o executivo. "Apostamos muito na urbanização da China, na infraestrutura, residencial, no crescimento da produção automobilística e somos muito positivos não são sobre o país, como sobre toda a Ásia".
As vendas da Vale para China representaram 32,4% e para toda a Ásia, 52%, de sua receita no ano passado. Para Benke, a tendência é de a participação asiática aumentar nos negócios da companhia, maior produtora e exportadora de minério de ferro do mundo.
A situação da economia chinesa está no centro das atenções na conferência da Unctad, ainda mais que mais países em desenvolvimento dependem dos negócios com os chineses.
O resultado do Índice de Gerente de Compras (PMI), indicador antecedente de atividade industrial, subiu em abril, mas a pequena subida parece ter desapontado quem esperava um claro sinal de que a desaceleração da economia chinesa tinha sido freado de vez.
De todo modo, analistas veem tendências "estruturais" positivas, a exemplo da Vale. As famílias parecem ter voltado a aumentar sua fatia na renda nacional. A renda disponível cresceu 9,8% em um ano, e na zona rural 12,7%. Os salários de migrantes subiram até 16,6% em um ano. Pelo menos, esse é um sinal de que continua forte a demanda de mão de obra no altamente cíclico setor da construção civil e na manufatura leve, que empregam a maioria dos migrantes.
A presença da Vale na conferência ministerial da Unctad se explica por ser uma das grandes multinacionais dos países emergentes, com presença em 38 países, valor de mercado de US$ 130 bilhões que a torna uma das 30 maiores empresas do mundo.
A Vale fez um dos maiores investimentos nos países desenvolvidos, com aquisição da canadense Inco, de níquel, em 2006. Nos últimos sete anos, a companhia investiu US$ 104 bilhoes, segundo Rafael Benke.
Uma questão em Doha foi sobre o impacto da passagem gradual de um ambiente de nos investimentos estrangeiros de liberal para mais regulatório, principalmente em setores como mineração.
"Para nós, regulação não é necessariamente negativo. O problema é quando a regulação é afoita, feita de supetão e sem consultas", afirmou o executivo da Vale. Benke mencionou como exemplo positivo a reforma do código de mineração em Moçambique, concluída recentemente de maneira tranquila, em diálogo com o setor.
Outra questão é o crescente numero de países detentores de recursos naturais que procura renegociar contratos. A Vale está em fase de "ajuste de contrato" na Indonésia, para exploração de níquel. O acordo estava caducando e as discussões também vem sendo "tranquilas".
Fonte: Valor Econômico/Assis Moreira | De Doha (Catar)
PUBLICIDADE