A Vale reduziu em 40,8% os investimentos no terceiro trimestre de 2015 em relação a igual período de 2014. Entre julho e setembro deste ano, a companhia investiu US$ 1,879 bilhão, sendo US$ 1,232 bilhão em execução de projetos e US$ 647 milhões em investimentos na manutenção de suas operações.
A redução de investimento em novos projetos já era esperada, pois a Vale está em processo de conclusão de projetos importantes, como o S11D (expansão do complexo de Carajás no Pará), que deve entrar em operação no próximo ano. Mas chama a atenção a diminuição dos investimentos correntes, aqueles para manter o dia a dia operacional da empresa.
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Os investimentos em novos projetos caíram 18%, de US$ 2,2 bilhões para US$ 1,8 bilhão. Já os correntes foram reduzidos em 30%, de US$ 933 milhões para US$ 647 milhões. Segundo o diretor financeiro e de Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, isso se deveu à desvalorização do real e ao aumento da produtividade das minas:
vale— Os investimentos chegaram a um novo patamar — afirmou Siani, em teleconferência com analistas.
Durante a teleconferência, analistas de mercado demonstraram preocupação com os preços descrescentes do minério de ferro. Um deles perguntou à diretoria da empresa se a companhia cogitava desacelerar o início de produção do S11D ou se planejava cortar produção, com o objetivo de elevar os preços.
O presidente da Vale, Murilo Ferreira, não respondeu à pergunta, alegando que não era o objetivo da empresa discutir publicamente sua estratégia para o projeto naquele evento. O S11D vai jogar milhões de toneladas no mercado num momento em que a demanda pelo minério cai, o que deve contribuir para uma queda ainda maior do minério num primeiro momento.
— Não é nossa intenção discutir o ramp up (início da operação) do S11D. Não temos nada a ganhar fazendo uma discussão pública sobre isso — afirmou Ferreira.
O diretor de ferrosos, Peter Poppinga, afirmou que os estoques de minério de ferro da mineradora serão reduzidos em 3 milhões de toneladas até o fim do ano, ao nível de 55 milhões de toneladas. E afirmou que vê espaço para leve crescimento de 1% a 2% na demanda por aço. Como o minério de ferro é matéria-prima para o aço, haveria um espaço para vendas de volumes maiores da commodity.
O minério de ferro da Vale é o melhor do mundo em qualidade. Por isso, o preço praticado pela empresa acaba sendo maior que a referência no mercado. Os clientes pagam um prêmio por sua qualidade. Segundo Poppinga, no terceiro trimestre deste ano, a Vale embolsou US$ 2,1 bilhões a mais que o preço de referência.
Fonte: O Globo