Companhia investirá R$ 3,8 bilhões até 2014 para construir uma unidade e adaptar outra em Itabira (MG)
Alta do preço viabilizou o projeto, que estenderá em 20 anos a vida útil da produção da Vale no município mineiro
Desde o fim da crise global, o preço do minério de ferro subiu e tornou viável um antigo projeto da Vale: reaproveitar rejeitos das minas de Itabira, em Minas Gerais, cidade onde a ex-estatal nasceu em 1942.
Os minérios "pobres", com teor de ferro contido inferior a 40%, eram descartados e iam para pilhas ou barragens (lagos) de resíduos. Por 40 anos, foram acumulados e não tinham nenhum valor comercial.
Diante da mudança do sistema de preço do minério de ferro pós-crise, o produto passou a ter correções trimestrais -antes o reajuste era anual- e a receber um bônus a cada ponto percentual a mais de teor de ferro.
Segundo Lúcio Cavalli, diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos da Vale, a mudança viabilizou a construção de uma nova unidade de processamento de minério mais pobre em teor de ferro.
Também viabilizou a adequação de outra unidade já existente para beneficiar o produto que está fora dos padrões internacionais de comercialização.
INVESTIMENTO
Juntas, as duas unidades vão consumir US$ 2,4 bilhões (R$ 3,8 bilhões) em investimentos até 2014, quando entrarão em operação.
As duas unidades terão capacidade de processar entre 20 milhões e 25 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano -algo como 8% da produção total da Vale.
No mercado global, o teor de ferro ideal fica entre 67% e 68%. Minérios mais pobres e com menos ferro contido precisam ser misturados a produtos de mais alta qualidade para serem usados como matéria-prima do aço nos altos-fornos das siderúrgicas.
Após o processamento nas unidades que estarão prontas em 2014, o minério pobre de Itabira será concentrado e passará a ter 67% de ferro.
"O minério australiano [principal concorrente da Vale] está empobrecendo e há uma demanda crescente da China e do Japão por minérios de maior qualidade. Isso abriu também a oportunidade para o investimento em Itabira", disse Cavalli.
Para o diretor da Vale, o investimento é "economicamente viável" e se sustenta dadas essas novas premissas -preço mais alto e demanda por minério melhor.
Outra vantagem, diz, é que em Itabira toda a logística de escoamento do minério já está pronta e não há necessidade de obtenção de licenças ambientais para abrir novas minas ou barragens e pilhas de rejeitos.
MAIS VIDA ÚTIL
O executivo afirma que a lógica do investimento é estritamente econômica, mas a Vale enfrentou sérios problemas na mineira Itabira, berço da mineradora.
Em 2008 e 2009, a companhia cortou a produção na cidade e demitiu empregados -em sua maioria, os dispensados eram terceirizados.
O projeto de reaproveitamento do minério alonga a vida útil da produção em Itabira em 20 anos. Sem ele, a extração cessaria em 2022.
Fonte: Valor Econômico/PEDRO SOARES/DO RIO
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