Nos últimos meses, cidadãos frívolos têm dito que não suportam andar pela bela orla carioca e ver navios e plataformas ancorados – a muitos quilômetros de suas vistas. Com isso, manifestam opinião recriminável, que condena o emprego e privilegia uma estética desvirtuada. Em recente comentário, o excelente jornalista Ancelmo Góis, formador de opinião, se uniu a outros que reclamam da “feiúra” de se ver plataformas e navios no belo mar de Ipanema.
Depois que perdeu a condição de capital federal, em 1960, o Rio parou no tempo. Sem força agrícola e industrial, viu dezenas de empresas se transferirem para São Paulo e, com a falta de empregos, a favelização chegou a níveis insuportáveis. A partir da década de 80, com o petróleo, o Rio ensaiou recuperação, que há pouco foi consolidada, graças à indústria do petróleo e da construção naval.
Hoje, são incontáveis os empregos gerados pelo petróleo e pelo mar, graças à Bacia de Campos. Já o pré-sal se localiza mais ao Sul e a Petrobras está ampliando sua operação em Santos (SP). Assim, a tese esnobe e fútil, de que poetas e namorados não podem, ao fim da tarde, ver navios ou plataformas no horizonte, poderá se tornar realidade, não por proibição, como desejam alguns, mas pela transferência do pólo petrolífero mais para o Sul.
Felizmente, para os cariocas que prezam o trabalho, o Rio se consolidou como centro petrolífero e naval, devendo, mesmo com a queda na produção da Bacia de Campos, se manter como fornecedor de equipamentos e serviços do setor, seja para o resto do Brasil ou até para o exterior.
Em resumo, um pequeno grupo, mais por desconhecimento do que má fé, tenta tirar, do Rio, o pouco que lhe resta de pujança empresarial, a pretexto de limpeza da paisagem. Se afastar a indústria naval e do petróleo, o Rio não irá ser compensado com a produção agrícola do Paraná e do Centro-Oeste; tampouco verá os bancos e a Bovespa migrarem de São Paulo. Portanto, o melhor, para o povo do Rio, é admitir vislumbrar navios e plataformas no horizonte, na certeza de que, assim, haverá mais empregos na região.
Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barreto Motta
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