A Weg assinou ontem com a Aliança Energia os primeiros contratos de fornecimento dos aerogeradores de 4,2 megawatts (MW), máquinas com maior potência e 82% mais eficientes do que as originalmente oferecidas pela empresa. Ao Valor, o diretor superintendente da WEG Energia, João Paulo da Silva, afirmou que a companhia está conversando com outros potenciais clientes dos equipamentos e pretende ofertá-los também na Índia, um dos maiores mercados do mundo para a energia eólica.
A estreia dos aerogeradores de 4,2 MW da Weg será em quatro parques eólicos da Aliança Energia - joint venture entre Vale e Cemig -, que somam 180,6 MW de capacidade instalada. O negócio entre as empresas, no valor de R$ 590 milhões, envolve o fornecimento de 43 turbinas eólicas e serviços de logística, montagem e comissionamento, além de operação e manutenção. As entregas dos equipamentos, que já entraram na carteira da Weg, devem começar em 2021 e se estender até 2022.
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“Em termos de geração, essa máquina nova está bem competitiva, temos vários clientes interessados. E o fato de termos conseguido fechar esse contrato nos deixa duplamente satisfeitos, porque a empresa já comprou conosco e decidiu voltar para mais”, afirma o executivo da Weg. A fabricante catarinense forneceu os equipamentos para o Complexo Eólico Santo Inácio, o primeiro da Aliança Energia, que entrou em operação comercial em dezembro de 2017.
A nova turbina está sendo desenvolvida pela Weg em parceria com a Engie e a Celesc, no âmbito de um projeto de P&D no valor de R$ 186 milhões. Um protótipo está em fase final de construção e será instalado próximo ao complexo térmico Jorge Lacerda (SC), da Engie. No futuro, as geradoras podem se tornar clientes do produto.
Mas a fabricante mira oportunidades para a máquina eólica também fora do Brasil: o foco está na Índia, onde a Weg já tem um complexo fabril e produz aerogeradores de 2,1 MW.
De acordo com Silva, a aposta na Índia se justifica pelo tamanho do mercado para geração eólica - quase três vezes maior do que o brasileiro - e pelo espaço para competir. “O mercado não é tão exaurido, em termos de concorrência, como o chinês”.
A Weg já está construindo um protótipo da turbina 4,2 MW na Índia, e pode iniciar cotações dos componentes para a fabricação local da máquina ainda no primeiro trimestre. A ideia é lançar o produto no mercado indiano e, eventualmente, exportá-lo para outros países da região.
Sobre perspectivas para energias renováveis no Brasil, o diretor da Weg afirma que os sinais de melhora da economia, ainda que aquém do esperado, representam um “alento” para a implementação de novos projetos de geração em todos os segmentos. Ele lembra que o setor sofreu com a recessão econômica a partir de 2014, que reduziu o consumo de energia e estancou novos empreendimentos de geração.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), o Brasil tem 8,4 gigawatts (GW) de capacidade contratada, distribuídos em 274 parques eólicos. Desse total, 2,5 GW, ou 87 parques, estão em construção atualmente.
Fonte: Valor