A fabricante brasileira WEG fechou dois importantes contratos para fornecer motores elétricos e inversores de frequência para uma refinaria em construção no Sultanato de Omã, no Oriente Médio. Por razões contratuais, a companhia não pode revelar valores, mas trata-se do contrato mais importante fechado pela WEG na área de óleo e gás nos últimos três anos, e já está servindo de referência para novos negócios no segmento, que está voltando a investir.
A refinaria, que terá capacidade para 230 mil barris por dia (mais que o dobro da refinaria de Pasadena, por exemplo) quando ficar pronta, em 2023, está sendo constituída por joint venture formada pelas empresas Oman Oil Company e Kuwait Petroleum International e envolverá, no total, cerca de US$ 8 bilhões em investimentos.
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A espanhola Técnicas Reunidas, cujo faturamento chegou a € 4,4 bilhões ano passado, foi escolhida para executar as obras de construção do empreendimento. Para isso, formou um consórcio com a sul-coreana Daewoo Engineering and Construction. Foi esse consórcio que contratou a WEG para fornecer 100% dos motores e inversores do projeto. O escopo do contrato envolve equipamentos de média tensão (120 motores elétricos e 12 variadores de frequência) e equipamentos de baixa tensão, incluindo mais de 1.300 motores elétricos e outros 200 variadores de frequência. A brasileira também ficou responsável pelos equipamentos na chamada área "periférica" da refinaria, como para fornecimento de água e tratamento de efluentes.
Segundo Gustavo Iensen, diretor internacional da WEG, um grande diferencial do projeto é que a companhia teve êxito em fechar um "frame agreement" diretamente com a Técnicas Reunidas. Isso significa que todos os motores e inversores de frequência serão da fabricante. "Não entra outra marca concorrente, e a vantagem para a contratante é lidar com um fornecedor só", disse.
Geralmente, o empreendedor capacita uma lista de fornecedores, mas os fabricantes de equipamentos como bombas, compressores e ventiladores é que selecionam de quem adquirir a parte elétrica. Como a WEG conseguiu assegurar a exclusividade, os equipamentos serão feitos no Brasil e entregues nas fábricas de cada um dos fabricantes, que farão a montagem com a parte elétrica. Depois, tudo vai para Omã, onde a WEG prestará serviços.
Para conseguir o contrato, a WEG acrescentou serviços ao pacote, como garantias, serviço de pós vendas. "Conseguimos incluir fatores que facilitaram a venda da Técnicas Reunidas", disse Iensen. A brasileira vai ainda montar um centro de serviços exclusivo próximo ao local do projeto para atender a refinaria.
O contrato será divulgado hoje, mas a assinatura aconteceu no fim do ano passado, depois de mais de um ano e meio de negociações. A produção já começou, e tudo deve ser concluído até o fim do ano, disse Iensen.
O projeto da refinaria faz parte de um plano do governo de Omã para desenvolvimento industrial da Zona Econômica Especial de Duqm. No total, os investimentos somarão US$ 15 bilhões nos próximos 15 anos. Além da obra em curso, haverá ainda um complexo petroquímico, que deve envolver outros US$ 7 bilhões em investimentos. A WEG já se prepara para participar também como fornecedora. "O projeto deve ser concluído entre 2026 e 2027 e já estamos trabalhando nele", disse Iensen.
A expectativa da companhia é que o projeto em Omã lhe renda mais frutos, principalmente pelo escopo do contrato ser amplo e incluir também serviços e utilidades. "Esse é um atestado de competência que nos ajudará a fechar outros negócios com outros fabricantes", disse Elder Stringari, gerente global de óleo e gás da WEG.
No patamar atual dos preços do petróleo, a brasileira vê grandes oportunidades de crescimento das suas atividades no setor. Contratos completos como o de Omã, com exclusividade na parte elétrica das obras, são mais difíceis de serem obtidos, "mas estamos participando de todas as concorrências", disse Iensen. Segundo o diretor, as encomendas no setor estão indo bem em 2018 e 2019, "e esperamos que continue assim em 2020."
A WEG vê uma melhora no cenário de investimentos de óleo em gás também no Brasil, principalmente com a entrada de investidores estrangeiros no pré-sal. "Estamos participando de todos os projetos no país, temos boas oportunidades porque temos fábrica aqui e a WEG tem um referencial no serviço pós-venda", disse Iensen. Como não há mais favorecimento ao conteúdo local, a companhia se esforça para demonstrar capacidade técnica e competitiva.
O Oriente Médio também oferece oportunidades, como modernização de refinarias e petroquímicas. "Já ganhamos contratos no Qatar", contou o diretor.
Fonte: Valor