Na reta final de desenvolvimento e certificação, o primeiro aerogerador brasileiro tem tido forte procura no mercado.
Com 4,2 megawatts (MW) de potência, a máquina está sendo fabricada pela WEG na unidade de Jaraguá do Sul (SC) e foi desenvolvida por meio de uma iniciativa do programa de pesquisa e desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Iniciado em 2014, o projeto contou com a participação da Engie e Celesc e investimentos de mais de R$ 200 milhões.
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O primeiro contrato para fornecimento da turbina foi assinado com a Aliança Energia, no começo de 2020. Desde então, a WEG firmou encomendas com mais três geradoras e está com produção fechada até o fim de 2022. “É possível que fechemos mais um contrato, então teremos 19 parques eólicos [para atender]. Já estamos negociando para 2023”, diz João Paulo Gualberto da Silva, diretor da WEG Energia.
Segundo o executivo, a companhia também deve aumentar sua capacidade de produção, passando de 8 para 12 aerogeradores por mês até o fim do próximo ano.
A primeira turbina já está instalada no parque experimental de pesquisa e desenvolvimento da Engie em Tubarão (SC), e a expectativa é de que entre em operação comercial nos próximos meses. A entrega das primeiras máquinas à Aliança Energia deve começar ainda neste ano.
A indústria de aerogeradores viveu uma grande evolução tecnológica nos últimos anos, o que impôs desafios à concepção da turbina brasileira. Inicialmente, a ideia era desenvolver uma máquina de 3,2 MW, conta Guilherme Ferrari, diretor de Novos Negócios, Estratégia e Inovação da Engie Brasil Energia (EBE).
“O P&D demorou um pouco mais por causa dessa decisão de mudar a plataforma [para 4,2 MW], porque do contrário ela não teria competitividade. O produto já nasceria defasado.”
Como parceira no projeto, a Engie deverá receber royalties por um determinado número de máquinas, mas também poderá comprá-las para seus próximos projetos eólicos. “Isso [aquisição de turbinas] depende de várias análises, pode ser que demoremos um pouco. Acompanhar a performance será muito importante para termos uma parceria comercial”, afirma Ferrari.
Além do Brasil, a WEG vê potencial para venda desse equipamento no mercado indiano. A fábrica da companhia na Índia já está sendo adaptada para abarcar a nova produção.
“O protótipo da Índia foi produzido e está sendo embarcado em junho. A torre foi fabricada lá e está pronta, esperando instalação. No futuro, depois que a fábrica estiver adaptada, a produção será 100% local, exceto componentes eletrônicos, que sairão do Brasil”, afirma da Silva.
Fonte: Valor