Se por um lado a fabricante de carrocerias de ônibus Busscar, em Joinville, se viu obrigada a apresentar um plano de demissão voluntária aos seus cerca de 3,5 mil funcionários, por outro há gente interessada em contratar esses profissionais. O departamento de recursos humanos da multinacional WEG, com sede em Jaraguá do Sul, entrou em contato com a Busscar para divulgar 600 vagas operacionais que estão abertas desde janeiro.
De acordo com a WEG, a necessidade de expansão do quadro de funcionários está relacionada ao aquecimento do mercado. As vagas são para as unidades de Jaraguá do Sul, que engloba o setor de motores elétricos, e Guaramirim, de tintas. As cidades ficam a cerca de 45 quilômetros de Joinville, no Norte de Santa Catarina.
Desde segunda-feira, grupos de funcionários têm assinado a rescisão dos contratos na sede do Sindicato dos Mecânicos de Joinville. São 1.138 trabalhadores que aderiram ao plano e vão receber a rescisão e o fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS) de forma parcelada, de cinco a 18 vezes.
Apesar do mau momento enfrentado pela Busscar, nem todos os fabricantes de ônibus enfrentam dificuldades. A Comil, de Erechim, no Rio Grande do Sul, está contratando trabalhadores em várias cidades do país. No fim de semana passado, publicou um anúncio para chamar funcionários de Joinville. A empresa não confirma que esteja interessada em contratar ex-funcionários da Busscar e diz que têm buscado trabalhadores em outras cidades, como Passo Fundo, também no Rio Grande do Sul.
Segundo dados da Associação Nacional de Fabricantes de Ônibus (Fabus), em 2009 foram produzidas 23.629 carrocerias contra 26.779 em 2008, cerca de 11% a menos. Os números são levam em conta a produção da Busscar, que se desligou da associação e parou de informar dados em agosto de 2009.
Na comparação entre os oito primeiros meses de 2009 e 2008, a Busscar produziu cerca de 55% a menos. Nesse período, foram 1.292 carrocerias em 2009 contra 2.895 no ano anterior.
A Busscar aguarda o pagamento de R$ 601 milhões em créditos de imposto sobre produtos industrializados (IPI) para conseguir fôlego na produção. A empresa venceu duas vezes no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), mas ainda cabe recurso no Supremo Tribunal Federal (STF). Há duas semanas, o presidente da Busscar, Cláudio Nielson, esteve em reunião no gabinete do vice-presidente da República, José Alencar, para pedir o pagamento dos créditos.
O deputado federal José Carlos Vieira (PR), que acompanha a questão como presidente da Frente Parlamentar Catarinense, disse que, na reunião, Alencar falou com o ministro da Fazendo, Guido Mantega, pedindo parecer sobre a questão. Ainda ontem, Vieira entrou em contato com o gabinete da vice-presidência, mas não teve retorno.
Amanhã, Vieira deve formalizar o pedido de apoio ao ministro Carlos Lupi em um documento construído com o aval do sindicato e da direção da empresa. (Fonte: Valor Econômico/Júlia Pitthan, de Joinville)
PUBLICIDADE