A expansão da mineração

Os investimentos no setor mineral no Brasil, que, segundo a última previsão do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) podem atingir US$ 54 bilhões até 2014, deverão produzir forte impacto nas exportações. Ainda neste ano, em vista da alta das cotações do minério de ferro, já se antecipa que o superávit da balança comercial do setor pode superar as projeções, feitas em janeiro, na faixa de US$ 12 bilhões a US$ 15 bilhões. Agora, já se fala em um superávit na casa de US$ 20 bilhões, em razão direta de maior receita da exportação de minério.

Em face do aumento da demanda internacional, as mineradoras que operam no Brasil tiram projetos da gaveta, como está fazendo a Vale, que elevou sua previsão de investimentos para US$ 12,90 bilhões. E, evidentemente, as multinacionais devem aproveitar esse filão. Como nota o Ibram, o setor mineral é o que mais atrai investimentos no Brasil.

Em março deste ano, o Bureau de Exportação e Desenvolvimento Mineral do Leste da China (ECE) comprou, por US$ 1,2 bilhão, uma jazida de minério de ferro da Itaminas, na região de Serra Azul (MG). Até agora, esse é o maior investimento chinês no Brasil. A produção de 3 milhões de toneladas por ano dessa mina poderá ser elevada para 25 milhões de toneladas/ano. As reservas da jazida são calculadas em 1,3 bilhão de toneladas.

O valor do negócio chamou a atenção, pois, ainda em passado recente, jazidas de hematita de mais alto teor eram negociadas a preços muito inferiores. Na mesma região de Serra Azul, por sinal, já estão a brasileira MMX e a indiana AcelorMittal, que há pouco anunciou planos para extrair minério de ferro em vários países do mundo.

Em razão do baixo nível dos preços até a entrada da China nesse mercado, as siderúrgicas nacionais e estrangeiras não mostravam interesse em investir em mineração. O quadro mudou com a escalada das cotações. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Usiminas, por exemplo, logo trataram de adquirir ou desenvolver jazidas.

Segundo a estimativa do Ibram, a exploração de minério de ferro deve absorver 66% dos investimentos totais no setor mineral ? o que corresponderia a US$ 36,53 bilhões. Os analistas preveem que esse forte fluxo de investimento não deve se limitar à exploração e exportação de minério em bruto ou em pelotas. Como já se verifica em alguns casos, as empresas podem ser levadas a produzir placas ou lingotes no País, agregando maior valor ao produto exportado.

Sob esse aspecto, o Brasil apresenta algumas vantagens, como disponibilidade de água e energia elétrica a preços acessíveis e grande oferta de mão de obra, embora careça de maior qualificação. As deficiências de infraestrutura estão entre as notórias desvantagens do País, mas deve-se notar que tem havido um bom volume de investimentos privados nessa área. Merece menção a construção do Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), conduzida pela MMX, onde vai se instalar uma usina da chinesa Wuhan Iron & Steel (Wisco).

O minério de ferro tem sido a grande estrela, mas são previstos investimentos também vultosos em níquel (US$ 6,718 bilhões), alumina (US$ 1 bilhão), bauxita (US$ 987 milhões) e, em menor grau, fosfato, cobre e ouro em áreas já pesquisadas. Com a manutenção das cotações dos produtos minerais, a prospecção é diretamente estimulada, podendo trazer novos investimentos.

Apesar do vulto dos investimentos previstos nessa importante área econômica, o País ainda se ressente de um marco regulatório. O Ministério de Minas e Energia apresentou minuta de um projeto de lei para criação da Agência Nacional de Mineração, que, por enquanto, não prosperou.

A instituição de uma agência regulatória, em substituição do Departamento Nacional de Produção Mineral, poderia ser um primeiro passo para a atualização da legislação pertinente e a supervisão da atividade. Permitiria, além disso, um melhor entrosamento com os órgãos federais e estaduais que cuidam da preservação ambiental.

Fonte: - O Estado de S.Paulo



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